Editorial

Blackout em São Paulo é marcado por exploração política e incompetência da Enel

No fim do ano passado, houve um outro blackout em São Paulo que durou uma semana
Blackout em São Paulo é marcado por exploração política e incompetência da Enel
Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

Apesar de toda a exploração política envolvendo o drama da população paulistana que enfrenta o caos da falta de energia elétrica desde a sexta-feira (11), a incompetência da Enel é indiscutível. No fim do ano passado, houve um blackout em São Paulo que durou uma semana. Inacreditavelmente, a assustadora história se repete, uma consequência da privatização da companhia de energia paulista, que desestruturou toda a rede de manutenção e atendimento emergencial do caro fornecimento de energia para a sociedade.

É verdade que as chuvas com ventos de mais de 100 quilômetros por hora criaram um cenário de destruição próximo de um furacão. Entretanto, uma distribuidora do porte da Enel, com presença em diversos países, deveria estar preparada para enfrentar tragédias causadas pelas mudanças climáticas, que tendem a ser cada vez mais graves com o processo acelerado de aquecimento global.

O caso recorrente de desabastecimento prolongado de energia em São Paulo abre a perspectiva de uma profunda reflexão sobre a privatização de serviços estratégicos e essenciais, incluindo o saneamento e a educação básica. No Paraná, o governador Ratinho Júnior sancionou no início de junho a Lei 22.006/2024, que institui o programa “Parceiro da Escola”. A lei autoriza, inicialmente, a venda de 204 escolas estaduais para empresas.

Em Minas Gerais, a resistência da sociedade e dos deputados estaduais frustrou o projeto de privatizar a Cemig e a Copasa, uma prioridade do governador Romeu Zema alimentada desde o início de seu primeiro mandato. O Executivo foi obrigado a engavetar a proposta para conseguir renegociar a dívida bilionária do Estado com a União.

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Diante da derrota nos planos de vender estatais lucrativas e bem administradas, o governo mineiro optou por adotar um modelo “meio-termo” na gestão das escolas públicas. No fim de julho, a Secretaria de Estado de Educação publicou o edital de convocação de organizações da Sociedade Civil (OSCs) da área de educação para realizar uma gestão compartilhada de algumas escolas, a despeito das manifestações contundentes de professores, alunos e pais em toda Minas Gerais contrárias ao projeto.

Se a educação se deteriora por falta de recursos do Estado, o descompromisso do governo com obrigações históricas se escancara ao empurrar o problema para terceiros, que certamente não se sentirão responsáveis pela degradação do ensino fundamental.

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