Editorial

Boas escolhas na Petrobras

Boas escolhas na Petrobras
Crédito: Divulgação/Regap

Passa dos U$ 100 bilhões o programa de investimentos da Petrobras para o período 2024-2028, já anunciado mas ainda não integralmente definido, com pelo menos 10% do total estimado ainda em avaliação. De longe o maior programa dessa natureza em discussão presentemente no País, dele já se pode dizer que, se realizado conforme o planejado, devolverá musculatura à estatal, além de oxigenar a economia interna por conta da preferência por encomendas na indústria local, além da descontração, tendo em conta que na atualidade a região Sudeste absorve 83% dos investimentos da Petrobras. São decisões inteligentes e de relevância também diante da anunciada busca do aumento da capacidade de refino e reforços na produção de fertilizantes, não fazendo sentido as afirmações, ainda que discretas, de que toda essa mobilização teria objetivos políticos, tendo em conta as eleições presidenciais de 2026.

O que parece estar em curso, e sem que seja preciso considerar que acertos podem render votos legítimos, é algo que pode ser definido como a volta da Petrobras aos trilhos, aqueles mesmos definidos em 1954 quando a empresa foi fundada. E muitíssimo diferente do período em que seus movimentos foram ditados pelos interesses dos especuladores que operavam e operam a partir da Bolsa de Nova York, os mesmos que condenam uma possível adesão do País à Opep, mas acreditam que os preços no mercado interno devem ter paridade com a especulação patrocinada pela organização.

A Petrobras de 1954, cuja criação foi condenada sob alegação de que não existiriam reservas de petróleo no País, é a mesma que hoje produz aproximadamente 3 milhões de barris/dia de óleo cru, mas cometeu o pecado – ou foi induzida a – de não ampliar o refino na mesma proporção. Corrigir esse desequilíbrio, com investimentos na ampliação e modernização de unidades como a Refinaria Gabriel Passos, hoje muito distante de poder atender à demanda de Minas Gerais, são também pontos imperativos do ponto de vista do interesse nacional e local.

No processo de verdadeiro desmonte que a estatal sofreu e do qual felizmente vai se recuperando, outro ponto a destacar foi a drástica redução de encomendas locais, com o falacioso argumento da busca de melhores preços. Uma guinada tão insensata que bastou para levar a indústria naval a uma situação muito próxima do colapso. Uma conta elementar demonstrará as vantagens de gerar empregos, recolher impostos, além de assegurar capacidade de produção e domínio tecnológico na hora em que as contas forem feitas com a devida segurança. Eis o que parece estar acontecendo e que só merece aplausos.

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