Editorial

Com um olhar diferente, o Brasil pode ganhar novo status em um mundo fragmentado

O Brasil pode chegar à posição nunca alcançada antes
Com um olhar diferente, o Brasil pode ganhar novo status em um mundo fragmentado
Crédito: Adobe Stock

Sem escolher alvos, atirando para todos os lados, a metralhadora giratória do presidente Donald Trump pode estar produzindo resultados inesperados, particularmente na Europa Ocidental. Países que no pós-guerra viveram sob o guarda-chuva dos Estados Unidos, ainda que mantendo arroubos de independência, caso da França, mostram-se indignados diante do que entendem ter sido o abandono da Ucrânia e consequente aproximação com a Rússia. Um, digamos, melindre no jogo das aparências e que tem conotações mais amplas, trazendo à tona mágoas bastante antigas e nunca apagadas por mais que tenha sido dito o contrário na ilusão de uma aliança inquebrantável.

Fato é que a geopolítica muda da noite para o dia e o que valia ontem não vale agora, ainda que os velhos fantasmas da ameaça comunista, que remetem à revolução de 1917, continuem sendo lembrados ou servindo de escudo para a defesa de interesses que não devem vir à luz. Ou, quem saberia ao certo, recorrer ao velho e conveniente expediente de mudar para garantir que tudo continue como é. Olhar para trás, especialmente para o intervalo entre as duas grandes guerras, bem pode ajudar a compreender o que se passa ou dar razão aos que acreditam que estaríamos apenas num intervalo entre conflitos de proporções globais.

Por elementar, entender o que se passa é tarefa crucial e se isto vale para os grandes vale igualmente para países emergentes como o Brasil. De pronto e de imediato no que toca às relações comerciais e, mais amplamente, aos rumos das políticas econômicas globais, encerrado o capítulo das ilusões que tinham como mote a globalização. O protecionismo retorna ao primeiríssimo plano, agora sem qualquer espécie de máscaras ou disfarces, levando consigo a ilusão da cooperação e da colaboração. O importante a considerar agora é que no cada um por si que tende a ser o padrão das novas regras, ou da falta de regras, o Brasil reúne condições e vantagens comparativas para sair ganhando.

Num mundo dividido, claramente fragmentado e em que, curiosamente, até agora a China não foi levada ao centro do palco, poupada até mesmo da metralhadora de Trump, com habilidade, o Brasil pode chegar à posição nunca alcançada antes. Suas reservas minerais e de petróleo, bem como a escala alcançada na produção de alimentos, inclusive proteínas animais, tudo isso combinado com condições naturais – clima e território – talvez incomparáveis, implicam vantagens que poderão ter muito peso. Curioso, o futuro tão esperado, podendo chegar por vias tortas.

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