Editorial

Caminhar sem rumo

Trata-se agora, fundamentalmente, de definir e apontar o candidato da direita, assim herdeiro presumido de um espólio político ainda de peso
Caminhar sem rumo
Foto: Reprodução Adobe Stock

Com poucas chances de que a ideia da anistia possa prosperar, definido assim o destino imediato do ex-presidente Bolsonaro, ganham força e intensidade as articulações em torno da eleição presidencial do próximo ano. Trata-se agora, fundamentalmente, de definir e apontar o candidato da direita, assim herdeiro presumido de um espólio político ainda de peso. São movimentos bem conhecidos e em torno dos quais não se tem notícias de grandes novidades, exceto, talvez, indícios de que cartas da esposa e filhos do ex-presidente já poderiam estar fora do baralho.

De qualquer forma, e ainda que um tanto repetitivo, este balé impressiona e mais pelo que deixa de ser feito. Nas condições que se apresentam para o País, diante da proporção dos desafios que inexoravelmente cairão no colo do presidente da República que for eleito no próximo ano, era de se esperar mais que o aflorar de tantas e tamanhas ambições. O espectro político transforma-se, apenas, numa espécie de âncora, porém incapaz de esconder o vazio de ideias e propostas verdadeiras. Parece faltar até mesmo a elementar sinceridade. Assim, levantar bandeiras políticas, sobretudo porque com argumentos um tanto desgastados, velhos e encardidos, soa como não mais que conveniência e oportunismo enquanto o que deveria ser relevante prossegue de lado.

A ambição única continua sendo a rampa do Palácio do Planalto e o alvo maior a cadeira presidencial. Caberia indagar de pronto porque e para que. Seria, afinal, apenas para ocupar espaços ou desalojar oposicionistas em nome também de preferências ideológicas? E assim promover afinal a grande faxina que livraria o País de corruptos e da corrupção? Um tanto difícil acreditar, um tanto difícil deixar de lembrar do fato elementar de que quando tiveram oportunidade deixaram vassouras e esfregão de lado, inúteis.

Dizem as pesquisas de opinião que os brasileiros continuam divididos, quase meio a meio, numa polarização bem conhecida e paralisante, além de conveniente apenas para aqueles que se nutrem da situação. Eis porque candidatos se apresentam, mas, de fato, não dizem a que vêm. Têm ambição, mas absolutamente não têm qualquer projeto a apresentar, como se tudo estivesse limitado às colorações políticas e preferências nesse plano, como se os verdadeiros desafios pudessem continuar sendo contornados com promessas vagas e destituídas de seriedade ou até de compromisso.

Foi neste embalo precisamente que o Brasil perdeu o rumo, continua se movendo como se não conhecesse o destino, o objetivo a ser alcançado, simplesmente dando voltas porque não sabe onde quer chegar.

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