Caminhos da sensatez

A recente viagem de 5 dias do presidente Lula à África, com passagens pelo Egito e Etiópia, foi definida nos meios diplomáticos brasileiros como primeiro passo para o reposicionamento do Brasil no Continente. Na verdade, foi bem mais que isso. O presidente brasileiro voltou a repetir suas criticas à ordem econômica mundial, lembrando que os acordos firmados pelas grandes potências em Bretton Woods ao final da Segunda Guerra definiu um sistema que aprofundou diferenças entre países ricos e países pobres no Planeta, favoreceu a concentração da renda e ajudou a espalhar a miséria. Pintado o quadro em cores sombrias, Lula voltou a cobrar grandes mudanças a partir da Organização das Nações Unidas, mas alcançando também o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Para ele, simplesmente, o remédio que estas organizações oferecem aos países pobres não levam cura e sim a morte.
Quem tem consciência crítica e é minimamente informado não tem como discordar, lembrando que ao fim da pandemia, que empobreceu todo o Planeta, a concentração da renda havia aumentado. Um abismo cavado ainda mais fundo e que, apontam estudiosos, acaba representando riscos também para os ricos, uma vez que a economia global pode estar caminhando para um processo de disfuncionalidade. Ainda assim os gastos militares alcançaram no ano passado US$ 2 trilhões, deixando bastante claro até que ponto a Guerra Fria foi requentada.
O desequilíbrio resultante, fazendo crescer, por exemplo, a migração do Norte da África para a Europa, da mesma forma que da América do Sul e Central rumo ao Norte, deveria ser visto como a maior das ameaças. E a ser vencida, racionalmente, com apoio à recuperação dos países mais severamente empobrecidos. A saída mais lógica, além de simples e é disso precisamente que o presidente Lula vem falando. Trata-se de enxergar se não por piedade ao menos por pragmatismo.
Na realidade, também a pauta mais inteligente para a reunião dos 20 países mais ricos do Planeta que terá seu ponto culminante no Brasil em novembro próximo. Mudar na direção da racionalidade pode ser melhor para tudo e todos, entendido que a redução das desigualdades equivale ao impulso econômico que restaure o equilíbrio, que impulsione produção, mercado e consumo, em bases que igualmente favorecerão o mundo desenvolvido. Tudo isso podendo gerar estabilidade e redução de conflitos, possibilitando afinal que os US$ 2 trilhões insanamente gastos com a morte possam contribuir, e definitivamente, com a melhoria das condições de vida para todos.
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