Editorial

Ciclo de alta dos juros no Brasil trava a indústria

Dados da Fiemg mostram que a produção e o emprego no setor recuaram em janeiro
Ciclo de alta dos juros no Brasil trava a indústria
Foto: Alisson J. Silva/Arquivo/Diário do Comércio

O ciclo de alta dos de juros no Brasil já demonstra efeitos negativos sobre a atividade produtiva no Estado. Dados da Sondagem Industrial elaborado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) indicam que a produção e o emprego no setor recuaram em janeiro. Isto, pelo segundo mês consecutivo. Esse cenário reforça a necessidade de ajustes estruturais na economia, incluindo maior controle sobre as despesas públicas, para evitar que o remédio contra a inflação trave ainda mais o crescimento.

Diante do avanço da inflação no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central intensificou, desde o ano passado, o aperto monetário para conter a alta dos preços. Porém, a manutenção dos juros em patamares elevados por um tempo prolongado poderá ter efeitos nefastos no setor produtivo.

A taxa de juros no Brasil está em dois dígitos desde o início de 2022, quando foi iniciado um ciclo de alta na Selic por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19 na economia. Um afrouxamento da política monetária começou a ser observada somente em 2023, porém, sem recuar para um dígito. Atualmente, o indicador está em 13,25%.

O setor produtivo vem alertando desde o ano passado que os patamares de juros no Brasil estavam elevados e poderiam afetar a atividade econômica. O resultado de janeiro da sondagem feita pela Fiemg, infelizmente, pode ser apenas o começo desses efeitos negativos, uma vez que são esperados anúncios de novos aumentos da Selic neste ano, que pode chegar a 15%.

Nos próximos meses, quando os efeitos das últimas altas feitas pelo Copom deverão chegar na ponta, certamente vamos observar uma redução ainda maior do ritmo do setor industrial. O crédito mais caro deve afetar novos investimentos e a geração de empregos não somente em Minas Gerais mas em todo o Brasil. O cenário é nebuloso.

O governo federal precisa agir com responsabilidade fiscal para reduzir pressões inflacionárias e minimizar a necessidade de juros altos por mais tempo. Sem ajustes nas contas públicas, o Banco Central continuará tendo que compensar o descontrole dos gastos com taxas elevadas, travando a indústria e comprometendo o crescimento do País.

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