Combate aos abusos de jogos on-line não é alarde e muito menos exagero

Não são meras suspeitas e sim fatos concretos, estarrecedores, que reclamam urgência e contundência nas reações. Estamos falando dos ditos jogos on-line, mais uma porta escancarada pelas facilidades que a cibernética nos trouxe e cuja aplicação vem sofrendo desvios a todos os títulos lamentáveis. Sim, é preciso entender o que se passa, é preciso conter abusos para os quais não pode haver espaço e ao fazê-lo, como promete, a administração pública está apenas cumprindo a mais elementar de suas obrigações e assim defendendo a sociedade.
O que já se sabe a respeito, e a partir de dados coletados pelo Banco Central, faz entender que a luz vermelha demorou a ser acionada e que não há espaço para qualquer tipo de acomodação ou leniência. Aconteceram infrações e abusos de toda ordem, sugerindo mesmo uma operação do crime organizado internacional, sendo de fato da mais extrema urgência conter os criminosos, que, conforme revelado, já ocupariam mais de seis centenas de sites, levando a jogatina e fazendo vítimas, especialmente entre a população mais pobre, numa escala que não tem precedentes.
Não existe alarme e muito menos exagero. Afinal, segundo o Banco Central, o volume mensal de transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas e jogos de azar on-line variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões este ano, indicando que pelo menos 24 milhões de pessoas usaram plataformas com esta finalidade. E o que é ruim pode ser muito pior. A mesma fonte registra que no mês de agosto pelo menos 5 milhões de pessoas atendidas pelo Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às empresas de apostas, sabendo-se que a maioria eram pais de família. Outro dado absolutamente espantoso: em agosto o volume de apostas somou R$ 20,8 bilhões e no mesmo período a arrecadação de todos os sorteios de loterias da Caixa Econômica Federal foi de R$ 1,9 bilhão.
Parece muito e de fato é muito, mas pode não ser toda a história. A Nota Técnica divulgada pelo Banco Central tem ainda o cuidado de alertar que os valores apontados podem estar subestimados, uma vez que não foram contempladas todas as formas possíveis de pagamento. Caberia lembrar que entidades ligadas ao comércio identificaram anomalias no movimento, especialmente de restaurantes, sugerindo que até mesmo recursos destinados ao consumo de alimentos poderiam estar sendo desviados.
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Resta a conclusão de que é preciso reagir e reagir muito rapidamente, considerada a velocidade e voracidade das plataformas, cuidando de barrar algo que definitivamente não tem como ser tolerado.
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