Como usar o passado para construir o futuro da RMBH

O aproveitamento, ainda que parcial, da linha férrea e áreas adjacentes que ligava a antiga mina de Águas Claras, na Serra do Curral, aos pontos de embarque de minério em Brumadinho, se aproxima de solução adequada depois de décadas de espera. Como é sabido, parte dessa área, na divisa entre Belo Horizonte e Nova Lima, hoje densamente ocupada, era motivo de cobiça da especulação imobiliária e, simultaneamente, defendida por ecologistas e urbanistas. Mantidas as decisões agora tomadas, com intervenção da União, estados e municípios, sua preservação fica assegurada para a construção de um parque e consequente espaço verde de que a região densamente povoada é carente. E tudo isso sem prejuízo aparente para a construção de via que muito poderá contribuir para melhorias também no que toca à mobilidade e integração.
Na realidade, espera-se que a partir desse primeiro movimento a questão seja vista mais amplamente, possibilitando assim que a antiga linha férrea, mesmo que tenha sofrido ocupações irregulares em algumas áreas, como em Olhos D’ Água, sirva à integração com o Anel Rodoviário, com o futuro Anel de Contorno, possibilitando a ligação com sua Alça Sul, além de garantir acesso ao espaço da antiga mina de Águas Claras, área total superior ao espaço contido pela avenida do Contorno, totalmente livre para abrigar, literalmente, uma nova Belo Horizonte. Destino natural para a expansão da cidade, seu platô central, totalmente plano, pode estar, com a construção de um túnel, a apenas 15 minutos da praça Sete. Garantir acesso à área, que pode ser o epicentro da futura melhor ocupação e destino de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Essa é a melhor medida da importância das decisões que estão sendo tomadas agora e que evidentemente não podem estar fora deste contexto mais amplo e que, como já foi dito, deve contemplar todo o antigo ramal ferroviário, inclusive com recuperação das áreas ocupadas ou degradadas. Estamos falando de futuro, de melhores condições de mobilidade e, consequentemente de moradia e vida para milhões de indivíduos. Considerando que alternativas são limitadas e recursos escassos, esta linha especificamente, assim como o que ainda sobrou da antiga malha ferroviária que cortava toda a região, não devem continuar relegadas ao abandono, ao esquecimento.
Fazer o melhor, fazer bem feito, com certeza está entre os deveres elementares dos agentes públicos. Esta é uma oportunidade para que disso não se esqueçam o governador de Minas e prefeitos de cada uma das cidades que integram a RMBH.
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