Para ser mais competitivo, Brasil precisa focar em interesses comuns

O custo do crédito no Brasil, incluídos juros e demais encargos, é o terceiro mais elevado do planeta, chegando aos 18,2% ao ano, conforme pesquisa do Banco Mundial. O País perde apenas para Zimbábue e Madagascar neste quesito, um dos fatores de peso na composição do chamado Custo Brasil. Uma questão bastante antiga e que tem entre seus principais componentes a grande diferença entre a taxa de captação e a taxa de aplicação dos recursos financeiros, um problema conhecido e que equivocadamente continua sendo tratado como questão fiscal.
Tudo isso impacta a economia local de forma dramática, inibindo investimentos, produção e consumo, além de comprometer a competitividade da produção interna e o ambiente de negócios. E a um custo direto estimado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em pelo menos R$ 1,7 trilhão a mais que a média dos países que fazem parte da organização. Competir e assegurar crescimento econômico sustentável e próximo da média global torna-se tarefa um tanto difícil. Mas não é tudo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta também o custo de escoamento da produção, burocracia, custo para apurar impostos, qualidade do capital humano e do ensino como pontos que reduzem a competitividade. E o Movimento Brasil Competitivo (MBC) inclui na lista fatores como limitação da infraestrutura, insumos básicos, segurança jurídica, burocracia, inovação e até os custos para encerramento de negócios.
Enxergar o futuro ou, antes, transformar o futuro previsível nestas condições, é desafio cujas proporções o País parece não ter compreendido ainda. A política e seus agentes navegam no raso, repetem promessas e projetos validados exclusivamente pelo interesse mais imediato. O poder, mantê-lo ou conquistá-lo, parece ser o único objetivo, a única questão a ser considerada. E sem que exista, por consequência, projetos que sejam de Estado e como tais permanentes, independentemente das oscilações previsíveis e até necessárias no campo político. Trata-se, pura e simplesmente, de determinar com clareza e objetividade precisamente o rumo a ser seguido e os objetivos a perseguir, na realidade algo que deveria ser definido como trivial.
Distante desse ponto, do qual na realidade foi se afastando ao longo do tempo, o Brasil enfrenta perspectiva pior que a mera estagnação. Trata-se, com realismo e clareza, de regressão, algo da mais fácil percepção na indústria. Mudar significa, portanto, definir, fixar objetivos, metas a alcançar como expressão do interesse comum, traduzidos como objetivos nacionais e não mais de grupos.
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