Editorial

Conflito no Oriente Médio mostra que a beira do abismo pode estar mais próxima do que nunca

Diante dos conflitos, a diplomacia parece esquecida, posta de lado por completa inutilidade
Conflito no Oriente Médio mostra que a beira do abismo pode estar mais próxima do que nunca
foto: Mahmoud Issa / Reuters

Diante do acirramento das tensões internacionais e a um ponto que ultrapassa os piores momentos da Guerra Fria, o planeta se dá conta de que a beira do abismo pode estar perigosamente mais próxima do que nunca. A diplomacia parece esquecida, posta de lado por completa inutilidade, e a Organização das Nações Unidas (ONU), criada ao final da Segunda Guerra, precisamente para diluir riscos de um novo conflito, exibe não mais que sua completa inutilidade e tanto quanto o ordenamento jurídico internacional.

O palco atual é o Irã, atacado sob pretexto de que estaria no limiar da capacidade de construir armas nucleares, podendo assim representar inaceitável ameaça global. Uma bem construída campanha de propaganda e contrainformação, levada a cabo ao longo de décadas, busca reforçar as versões mais convenientes e assim legitimar os ataques agora consumados e de consequências ainda incertas, embora claramente um tanto perigosas. E assim consagrar a ideia de que a proliferação de armas nucleares não é aceitável e, parafraseando o presidente Donald Trump, deve ser contida “de uma forma ou de outra”. Repetida à exaustão, a arenga parece surtir os efeitos desejados.

Sim e sem lugar a dúvidas, a construção e posse de artefatos nucleares, capazes de extinguir a vida no planeta, é a prova mais contundente da insanidade predominante. Mas tanto quanto a existência de um clube fechado e um tanto exclusivo, de detentores dessa tecnologia, assim transformados por vontade própria em árbitros do destino de toda a humanidade, senhores absolutos de um poder que não admitem compartilhar. Aos demais restaria apenas se curvar à realidade que se pretende transformada em fato consumado.

Afastar, de ato e para sempre, a ameaça do apocalipse seria de fato enorme ganho para toda a humanidade, tanto mais quando se percebe que o poder absoluto pode estar em mãos instáveis e de baixa confiabilidade. Mas não se trata evidentemente de “fazer o que eu digo, mas não fazer o que eu faço”. Por óbvio, os pacifistas de ocasião deveriam ser os primeiros a dar o exemplo, começando por desmontar seus próprios arsenais antes de reclamarem uma exclusividade que igualmente se encontra no terreno do absurdo, embora a propaganda em doses maciças tente fazer parecer natural e apropriada. Quase um poder divino outorgado não se sabe exatamente por quem.

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A situação atual nos remete necessariamente a tais considerações, o que implica denunciar como impróprio e inaceitável o status quo que as potências globais, ou o clube atômico, pretendem impor exclusivamente em benefício próprio.

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