Crime organizado: não podemos banalizar a insegurança e a violência

Os avanços da criminalidade no País, com suporte de facções que comandam o dito crime organizado, atingiram proporções que não podem ser toleradas como algo semelhante a um destino inescapável. Banalizar a insegurança e a violência, aceitar como fato consumado que algumas das maiores favelas, ou comunidades, nas principais cidades brasileiras são, hoje, espaços que o Estado não alcança é algo que adiante certamente terá implicações ainda mais graves. E da mesma forma que a atuação de facções em atividades e empresas regulares já não pode ser despercebida, até porque é visível sua relação em negócios como transporte coletivo urbano e varejo de combustíveis, dentre outras. E tudo numa progressão contínua em que o próximo degrau será ao que tudo faz crer a ocupação de espaços na política.
Diante dos fatos, todos de amplo conhecimento, resta o entendimento de que existe no País uma situação de guerra não declarada e em que não raro os inimigos do Estado e da ordem social se apresentam em nítida vantagem. Encarar a realidade com absoluto sentido de urgência significa também reordenar as forças policiais evitando a fragmentação atual que claramente compromete resultados, sendo igualmente claro o entendimento que deve existir algum tipo de unificação, na inteligência e nas linhas de combate, tudo em nome da eficácia e de resultados.
Na realidade, tudo isso deve ser colocado no plano do elementar, distante ainda de estratégias melhor formuladas, discussões que precisam ser retomadas e com claro sentido de urgência, livre de vieses políticos indesculpáveis, sobretudo se bem entendida a gravidade do tema e sua urgência. De que outra forma – e para ficarmos no exemplo mais simples e mais banal – explicar que apenas 30% dos estabelecimentos prisionais no País disponham de mecanismos eficazes de bloqueio de telefonia celular, mesmo com pleno conhecimento de que esta tecnologia é fundamental para a logística do crime organizado, comandado de dentro de prisões?
Não estamos falando de grandes operações, de mobilização de contingentes e equipamentos numa escala realmente diferenciada. Tampouco estamos propondo, aqui e agora, um ataque frontal e decisivo. Bem ao contrário, apenas apontamos na direção do mais banal, de respostas elementares, reclamando providências que já não deveriam estar longe do plano de meras cogitações e sem que o poder público sequer se dê ao trabalho de explicar sua omissão. São, afinal, evidências elementares de que existe espaço para reagir e chegar a resultados melhores.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas