Editorial

Crise climática não é mais ficção cinematográfica

Atualmente, a crise do clima se tornou uma das dez principais ameaças aos negócios no mundo
Crise climática não é mais ficção cinematográfica
Crédito: Reuters/ Ueslei Marcelino

Inundações devastadoras no Rio Grande do Sul causadas por chuvas torrenciais, incêndios dilacerantes no Pantanal e outras regiões do País e rios praticamente secos na Amazônia. Estas imagens poderiam compor a estética ficcional do cinema-catástrofe que marcou época nos anos 70, com filmes como “O Destino do Poseidon”, “Terremoto” e “Inferno na Torre”.

Infelizmente, não são. Trata-se da triste realidade vivida pelo Brasil neste ano, que chegou próximo ao fundo do poço da crise climática, agravada pelas temperaturas elevadíssimas, inclusive em pleno inverno, e pela estiagem prolongada, reflexos do aquecimento global.

Além dos efeitos negativos para a saúde da população, que é obrigada a respirar a fumaça tóxica das queimadas, e para a vida no planeta como todo, outro prejuízo imensurável no território nacional é a crescente inflação gerada pelas mudanças climáticas, que pressiona com força enorme os preços dos alimentos e as tarifas de energia elétrica.

A crise do clima é uma das dez principais ameaças aos negócios no mundo. No Brasil, subiu do 11º lugar para a primeira posição em apenas um ano, aponta a pesquisa Allianz Risk Barometer de 2024, comparados com os resultados de 2023. Segundo o estudo, os custos globais podem chegar a US$ 22 bilhões anuais.

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Apesar de todas as tragédias ambientais, os brasileiros ainda não se conscientizaram da necessidade de cada um fazer a sua parte, nas mínimas tarefas cotidianas, para evitar a irreversibilidade de um quadro sombrio. Talvez, com o preço das mudanças climáticas pesando no bolso, as pessoas deixem a indiferença e a ignorância de lado para abrir os olhos diante da maior ameaça para a sobrevivência da raça humana nos próximos anos.

O pior de tudo é que grande parte da degradação ambiental é causada pela ação nefasta do próprio homem, que polui o ambiente inconsequentemente e inicia incêndios criminosos nas matas do País, quase sempre impunemente. Não são meros desastres naturais. Se cada um não fizer o seu papel, o Estado será insuficiente e ineficaz, por mais que se esforce, para deter a escalada de destruição avassaladora da fauna e flora em curso no planeta.

Além das ações emergenciais, é preciso investir em conscientização social, por meio de campanhas permanentes e incisivas de preservação ambiental. A introdução de uma disciplina ecológica no currículo escolar é uma boa alternativa para formação das novas gerações. A má educação do cidadão começa em pequenos atos, como jogar lixo na rua apesar de haver uma cesta próxima. No curtíssimo prazo, é fundamental a elaboração de uma rigorosa legislação penal pelo Congresso Nacional e por uma comissão notória de juristas, que puna exemplarmente os “terroristas ambientais”.

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