Editorial

Debate sobre horário de verão mostra situação crítica do suprimento de energia elétrica no País

No ano passado, o assunto também chegou a ser colocado em pauta, mas o Governo acabou recuando
Debate sobre horário de verão mostra situação crítica do suprimento de energia elétrica no País
Foto: Unsplash / Divulgação

O anúncio de que autoridades federais cogitam restabelecer no País, já neste ano, o chamado “horário de verão”, em que a hora oficial é adiantada uma hora para melhor aproveitamento da luminosidade solar e assim reduzir o consumo de eletricidade, deve soar como uma espécie de alarme. Não se trata de apurar quem gosta e quem não gosta da mudança e sim entender que as condições de suprimento de energia elétrica no País são consideradas críticas e de risco no momento. Elementarmente porque houve aumento de consumo sem a correspondente expansão da oferta, situação que persiste desde a virada do século, apesar da maior oferta de energia solar e eólica, mas não o bastante para reequilibrar o sistema elétrico nacional.

Uma condição admitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que reconhece que os investimentos em geração se mantém aquém das necessidades, situação anotada já nas últimas décadas do século passado. Eis porque o órgão também reconhece que já a partir de 2025 haverá dificuldades para a entrega de energia, condição que pode perdurar até 2029, dependendo também de melhorias no sistema interligado de distribuição e aceleração de estudos voltados para melhor aproveitamento das disponibilidades de energia hídrica. Tudo isso com o risco de que “critérios de confiabilidade” possam ser violados, cabendo anotar que até mesmo serviços de manutenção e renovação de equipamentos estariam fora de padrões técnicos aceitáveis.

Se a realidade incomoda e as perspectivas apontam na direção de riscos em escala crescente, caberia indagar porque soluções técnica e economicamente mais próximas permanecem fora do radar. Mesmo com o entendimento de que a energia hidráulica continuará ainda por tempo indeterminado como alicerce da matriz energética, devendo, ao que tudo faz crer, prosseguir nesta condição mesmo com os avanços no âmbito das fontes alternativas, ditas mais “limpas”.

São indagações que também apontam diretamente para a questão do repotenciamento das grandes hidrelétricas em operação no País e construídas ao longo da segunda metade do século passado. As máquinas, geradores, dessas usinas podem e devem ser modernizadas, com ganhos expressivos de potência, sem contar o fato de que em algumas delas existe espaço disponível – pronto, acabado e pago – para instalação de novos grupos geradores. Tudo, segundo estimativas antigas e bem conhecidas, podendo implicar em ganho de até 30% na capacidade geradora do País, a custos mais baixos que a construção, desde as fundações, de novas usinas hidrelétricas. Elementar racionalidade que não deveria ser posta de lado.

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