Decisão sobre o horário de verão deve ser fundamentada em estudos e sem exploração política

A prolongada estiagem mais uma vez coloca em xeque o sistema elétrico brasileiro, que tem nas usinas hidrelétricas seu principal suporte. Conforme vem sendo relatado, os reservatórios das usinas já se aproximam de níveis críticos, chegando a provocar desligamento de turbinas, situação que ainda pode piorar e, segundo as previsões, só começa a melhorar no mês de novembro. Contornar as dificuldades demanda acionamento de usinas térmicas, o que também já começa a acontecer, mesmo que com impacto indesejado nas tarifas, além de contensão do consumo, por enquanto apenas com medidas de cautela.
É nesse ambiente que ressurgem discussões sobre a adoção ou não do horário de verão, que vigorou no País durante quase duas décadas ininterruptamente e foi abolido mais recentemente sob o argumento de que provocava inconvenientes que não eram compensados pela redução no consumo. Num contexto de dificuldades, certamente que cabe rediscutir e reavaliar a questão, sabendo pesar, com racionalidade, prós e contras para que decisões sejam técnicas e objetivas, sem nenhum viés político conforme já pode ser percebido. E no entendimento óbvio de que qualquer ganho deve ser considerado.
Este é o pensamento do Ministério de Minas e Energia, que define o horário de verão como “uma possibilidade” e aguarda informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Secretaria de Energia Elétrica. Argumenta-se, em favor do retorno, principalmente que a mudança propicia melhor distribuição nos momentos de pico, no início da noite, quando também é reduzida a oferta de fontes intermitentes, solar e eólica, o que acaba pressionando todo o sistema. Quem acredita que os inconvenientes são maiores que as vantagens argumenta que a prioridade deveria ser exatamente a expansão da oferta de energia gerada a partir de sistemas eólicos e de energia solar, estes sim, capazes de oferecer respostas mais robustas e em tempo bem mais curto.
O que se espera, na realidade o que deve ser exigido agora e sempre, é que as decisões que venham a ser tomadas sejam fruto de estudos muito bem fundamentados, consideradas as questões mais imediatas, mas tendo em conta o horizonte maior, uma vez que as dificuldades agora percebidas tendem a aumentar. Só não deve haver espaço para exploração política do tema, num exercício de objetividade e pragmatismo que ajude a derrubar e não a criar novas barreiras. Nessa rota, não será nada difícil chegar ao melhor entendimento, ao melhor para o País.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas