Decisões do BC sobre a taxa Selic alimentam questões políticas

Em recente evento na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, mineiro e filho do falecido vice-presidente Jose Alencar Gomes da Silva, disse que hoje falta ao País alguém como seu pai, capaz de se colocar frontal e destemidamente contra a política monetária contracionista que empurra a taxa de juros a patamares absurdos. Na mesma ocasião, encontro com jornalistas na sede da poderosa Fiesp, Josué disse não ver sentido na autonomia do Banco Central quando sua presidência é ocupada por alguém de claro posicionamento político, corrompendo assim o viés técnico de sua posição.
Reações semelhantes, diante da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, ocorreram também nos estados, inclusive em Minas. Para a Federação das Indústrias de Minas, por exemplo, a situação coloca em alerta os agentes econômicos, uma vez que a capacidade produtiva é diretamente afetada. Já a Associação Comercial de Minas cuidou de lembrar que a política restritiva é mantida sem sinais de alteração, enquanto nos Estados Unidos os sinais são contrários, o que não parece fazer o menor sentido. “Também são necessárias alternativas que minimizem os impactos para o setor, que é a mola propulsora da economia do País”, acrescenta a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais.
Evidencia-se que a questão no seu todo perdeu por completo a natureza técnica para ajudar a alimentar questões políticas que não deveriam caber neste espaço. E muitíssimo bem caracterizadas muito mais pelo comportamento do presidente do BC, que assume impropriamente suas escolhas conforme foi percebido também no imobilismo diante da recente flutuação do câmbio, esta sim ameaça real ao recrudescimento da inflação, desculpa preferida para que os juros no Brasil prossigam entre os mais elevados no planeta.
Curiosamente, os mesmos empresários que reclamam da situação e apontam suas consequências silenciam diante da evidente contaminação do Banco Central, cuja independência transformou-se numa espécie de dogma. E ninguém se lembra de indagar como, porque e para quem ela deva existir, muito menos de apurar quem ganha e quem perde com os juros mantidos nos patamares em que se encontram.
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Claramente não há como dissociar os dois pontos e cabe ao empresariado brasileiro, tão duramente afetado, fazer ver que é necessário e urgente mudar a rota.
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