Editorial

Derrubando as máscaras: TikTok, Musk e um dia depois do outro

EUA assinou lei determinando que a rede chinesa Tik-Tok suspenda suas atividades no país caso não encontre um comprador “de confiança” do governo local
Derrubando as máscaras: TikTok, Musk e um dia depois do outro
Foto: Reprodução Adobe Stock

O esperado aconteceu. Com aprovação da Câmara e do Senado o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, assinou lei determinando que a rede chinesa Tik-Tok suspenda suas atividades no país caso não encontre um comprador “de confiança” do governo local. No mundo ocidental tudo passou como natural e devido, com reclamações ficando por conta exclusivamente da China, que enxergou na decisão agressão à liberdade de expressão e ao direito de acesso dos estadunidenses à informação. Tudo na linha, uma vez mais, do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Estamos todos, simplesmente, diante do mundo real e de como as coisas acontecem. Não faz muito tempo, na realidade poucos dias, um senhor que atua nesse ramo e costuma ser apresentado como “o homem mais rico do mundo” se achou no direito de criticar o Brasil por pretender regulamentar as operações das ditas redes sociais e suas respectivas plataformas. Beirando o ridículo, mas ensandecidamente aplaudido por acólitos, o controvertido empresário disse estar denunciando a existência de uma ditadura no Brasil, com subversão da ordem e o poder deslocado para a órbita do Judiciário. Para delírio de alguns, tudo sob patrocínio do ministro Alexandre de Moraes.

Elon Musk foi quem foi mais longe, mas não foi o único a produzir e reproduzir fake news como tentativas de confundir censura e liberdade de expressão com a regulamentação da internet, suas plataformas e redes sociais. Elegendo o Brasil como alvo, mas simultaneamente ignorando países em que restrições e controles estão, aí sim, bem próximas da arbitrariedade. Desconhecendo também que o mundo já entendeu que a internet não pode ser terra de ninguém, que controles são pertinentes e têm a mesma natureza daqueles aplicados à imprensa tradicional. Curiosamente deixou de lado inclusive o fato de que o modelo de regulamentação que se discute para o Brasil está bem próximo daquele já adotado pela Comunidade Europeia, reconhecida como o berço da liberdade.

Tudo como se percebe, muitíssimo diferente do que ocorre agora, quando os Estados Unidos decidem banir a rede Tik-Tok e o faz assumindo abertamente não aceitar que seus interesses sejam contrariados. Tudo certo, natural e justo, sem que o senhor Musk saia das sombras, talvez mais ocupado agora com uma possível viagem ao planeta Marte, para denunciar abusos e apontar o dedo para o país que o acolheu. Como alguém poderia lembrar agora, nada como um dia depois do outro.

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