Editorial

Os desafios de Minas Gerais na busca por valor agregado na exploração do lítio

Ao que tudo indica, em função de sua riqueza mineral, o Estado deve ter grande peso nas transformações que a indústria conhecerá nos próximos anos
Os desafios de Minas Gerais na busca por valor agregado na exploração do lítio
Foto: Reuters/ Washington Alves

As bases da economia regional, assim como a própria ocupação do território, foram construídas a partir da exploração de riquezas de seu subsolo, processo que não representou para a economia regional a esperada contrapartida. Assim foi, assim continua, com a atividade mineral tendo grande peso na economia regional, porém num processo continuado de baixa agregação de valor. Presentemente Minas Gerais se encontra no limiar de grandes mudanças nesse campo e por conta da existência em seu subsolo de minerais que, tudo indica, terão grande peso nas transformações que a indústria conhecerá nos próximos anos.

Um deles é o lítio, matéria-prima essencial para a produção de acumuladores de energia, componentes críticos para veículos que utilizam motores elétricos cuja produção ingressa num ciclo de grande expansão. As reservas locais, que se contam entre as maiores do planeta, são motivo de cobiça internacional e movimentos especulativos já bem conhecidos. A questão está em determinar se o Estado continuará na condição de fornecedor de matérias-primas, transferindo riquezas e os melhores empregos para o exterior, ou se, ao contrário, finalmente será capaz de inverter a equação, capacitando-se para produzir acumuladores, dominando integralmente o ciclo de produção desse componente com demanda de crescimento exponencial.

Minas Gerais, que abriga o segundo maior polo automotivo da América Latina e com condição ímpar no planeta, com um robusto parque de autopeças e assim sendo capaz de produzir das chapas ao veículo completo, está diante de oportunidade única em sua história. Precisa para isso de desviar o curso dos acontecimentos, fazendo ver que a cobiça em torno de suas reservas de lítio não terá sucesso, não pelo menos da forma pretendida de fora para dentro. Não venderemos matéria-prima, como foi feito ao longo da história, e sim agregar valor ao mineral estratégico, dominando o ciclo de seu beneficiamento industrial.

Um escolha de crucial importância e que não pode ser adiada, dependendo em primeiro lugar de uma postura política diferenciada e, na sequência, de ações objetivas visando viabilizar, aí sim inclusive com parcerias externas, os investimentos industriais demandados. Para transformar, quem sabe definitivamente, a economia regional, sendo claro desde já que tais esforços deverão partir do setor público, garantia do suporte para que o potencial conhecido e confirmado se materialize.

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Cabe acreditar que o governo mineiro, através dos organismos de fomento econômico, enxergue a oportunidade que se apresenta e cuide de assegurar o suporte para que ela se materialize.

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