Editorial

Desigualdades tornam a economia planetária disfuncional

Organização internacional entende que sistema tributário não favorece a redistribuição da riqueza, mas sim a absurda concentração nas mãos de poucos
Desigualdades tornam a economia planetária disfuncional
Crédito: Freepik

Reclama atenção e análise relatório da Oxfam, organização internacional presente em 90 países e focada no monitoramento de desigualdades no plano econômico, sobre o aumento da concentração da renda no planeta. Diz o documento que, considerado o período entre os anos de 2015 e 2022, a fortuna detida pela parcela mais rica da população, equivalente a apenas 1% do total, cresceu 33 trilhões de dólares. Para melhor compreensão do significado do valor apontado, a própria Oxfam informa que, considerada metodologia do Banco Mundial, U$ 1,5 trilhão seria o bastante para acabar com a pobreza.

Estima-se que o topo da pirâmide da renda global seja ocupado por 77 milhões de indivíduos, precisamente o 1% apontado e que acumula cerca de 45% da riqueza global, estimada em US$ 556 trilhões, considerados valores de 2023. Esse grupo detém entre US$ 250 trilhões e US$ 278 trilhões. São valores que espantam, chamam atenção para um desequilíbrio que tomou proporções alarmantes e também coincide com discussões atuais no País sobre a ordem tributária e suas possíveis imperfeições. Algo que deságua no entendimento razoabilidade – ou não? – de taxação diferenciada e mais elevada para os grupos que se enquadram na categoria dos “super-ricos”.

Para a Oxfam, na voz de uma de suas coordenadoras no Brasil, o sistema tributário no País e também no ambiente internacional não favorece a redistribuição da riqueza e sim sua absurda concentração nas mãos de poucos. De que outra forma, afinal, entender o fato de que 3 mil bilionários detenham 14,6% do PIB global, enquanto 3,7 bilhões de pessoas, quase metade da população, detêm apenas 2,4% da riqueza? A resposta não deve ser procurada no espaço da política ou das ideologias, mas sim no plano da ciência econômica, da sociologia e – claro – também da razoabilidade.

Uma outra dimensão do que se passa poderá ser percebida com o conhecimento de que entre 1995 e 2023 a riqueza privada aumentou em US$ 342 trilhões enquanto a riqueza pública, ou dos governos, cresceu US$ 44 trilhões.

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Tudo isso para conduzir à inescapável conclusão de que a economia planetária se tornou disfuncional, o que bem pode implicar em riscos maiores, precisamente para aqueles que detêm a maior fatia do bolo da riqueza. Um risco evidente, talvez mais próximo do que se possa imaginar, capaz talvez de ao despertar o senso de sobrevivência e dessa forma também o curso dos acontecimentos.

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