O (des)prestígio político do Estado e a falta de recursos federais para obras de infraestrutura

Estamos diante de mais uma daquelas histórias bem antigas e que, como as novelas na televisão de antigamente, parecem não ter fim. Trata-se da duplicação da BR 381, no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, rumo ao litoral capixaba. Promessas e projetos não cumpridos se arrastaram ao longo de décadas, tempo suficiente para que o trecho passasse a ser conhecido como Rodovia da Morte, um dos mais perigosos e movimentados no País. Eis que a história se repete, embora com o epílogo encurtado, com o edital recém-publicado prevendo duplicação exclusivamente no trecho entre BH e Caeté, entendido como o mais complicado e obstáculo ao sucesso do regime de concessão com que todos sonham.
Faltam melhores explicações e, de fato, razões para comemorar, tudo bem longe da ideia de que o Estado esteja sendo gordamente contemplado com recursos federais. Mesmo que pareça existir, no governo atual, dose maior de boa vontade, permanece todo um passivo a ser resgatado. Sem contar os obstáculos mencionados como apenas laterais, mas que, na realidade, poderão aumentar as frustrações, posto que verbas só serão liberadas se questões como a dívida do Estado estiverem liberadas, dentre outros percalços. O mesmo vale para os recursos prometidos para obras viárias em Belo Horizonte, que, embora anunciadas, será mais próprio afirmar que permanecem apenas no rol das boas intenções.
Em assunto de tamanha importância, num rol em que não pode deixar de ser considerados o Metrô de Belo Horizonte ou o projeto integral do Rodoanel, lembrando que presentemente só é mencionada a construção da chamada Alça Norte, com início das obras previsto para o próximo ano, ainda somos carentes de informações – e decisões – bem mais concretas. Afinal, não será injusto ou impróprio imaginar que os capítulos mais atuais da novela não são mais que repetição daqueles já exibidos e bem conhecidos. Resumindo, as boas intenções podem até ser aplaudidas, porém sem que as atenções sejam desviadas da concretização do que está sendo prometido.
A rigor e sem que vá na afirmação qualquer tipo de exagero o fato objetivo é que Minas Gerais tem permanecido, e isso ao longo das últimas décadas, à margem das atenções de sucessivas administrações federais, algo escancaradamente tipificado no abandono do Metrô de Belo Horizonte para que seja apontado um único exemplo. Não há como aceitar que esta situação se prolongue, quem sabe exclusivamente na proporção do esvaziamento do prestígio político do Estado. Afinal, temos peso suficiente para exigir que seja diferente, pelo menos que haja mais equilíbrio nas relações entre estados e União.
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