Dilema do pedágio na Linha Verde une base governista e oposição

A possibilidade de instalação de postos de pedágio na Linha Verde, que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional de Confins, uniu a base governista e a oposição ao governo Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Os parlamentares, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), querem proibir a cobrança em rodovias da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Nesta semana, a PEC conseguiu as assinaturas necessárias para que sua tramitação seja iniciada.
Com essa improvável unidade entre base e oposição — possivelmente resultado do temor dos parlamentares de contrariar o eleitorado a um ano das eleições —, o Executivo estadual, provavelmente, terá que recuar e alterar o plano de concessão no Vetor Norte.
O projeto prevê investimentos de aproximadamente R$ 5 bilhões por parte da futura concessionária para melhorias nas rodovias MG-010, MG-424 e LMG-800. Entre as intervenções, estão a implantação de três contornos viários nos municípios de Lagoa Santa, Prudente de Morais e Matozinhos.
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A cobrança de pedágio entre as cidades da RMBH é um tema que realmente exige uma análise criteriosa. Milhares de pessoas que moram nos municípios da Grande BH e trabalham na Capital seriam oneradas. Além disso, é fundamental estimar os impactos na movimentação entre BH e o terminal aeroportuário de Confins.
O governo estadual e os parlamentares deveriam se reunir para discutir modelos viáveis de remuneração da concessionária responsável pelo trecho. Simplesmente cobrar o pedágio sem considerar os impactos negativos ou, por outro lado, proibi-lo sem um planejamento adequado pode não ser a melhor solução.
A proibição pode, inclusive, gerar um problema ainda maior. Os deputados estaduais podem, por exemplo, comprometer seriamente a implantação do Rodoanel Metropolitano de Belo Horizonte. A via, projetada para desafogar o tráfego pesado do Anel Rodoviário, já teve seu contrato de concessão assinado, e as obras estão previstas para começar ainda neste ano. Os investimentos são estimados em R$ 10 bilhões. No entanto, sem a cobrança, a viabilidade financeira do projeto pode ser comprometida.
Para evitar impactos negativos, o debate sobre a cobrança de pedágio deve ser conduzido com responsabilidade. Medidas como isenções para moradores, tarifas diferenciadas e alternativas de financiamento devem ser consideradas. O desafio é encontrar uma solução que viabilize investimentos essenciais sem impor um ônus excessivo aos cidadãos.
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