Editorial

Discípulo de Francisco, Leão XIV é o Papa da esperança

"O Papa nos traz uma esperança de paz e de acolhida, a ideia de que somos todos irmãos"
Discípulo de Francisco, Leão XIV é o Papa da esperança
Crédito: Remo Casilli / Reuters

Imaginava-se ao final da Segunda Grande Guerra e depois de horrores que pelo menos na escala não tiveram precedentes, que a lição fora aprendida, abrindo espaços para um ciclo de paz e prosperidade no planeta. O próprio Plano Marshall, de reconstrução da Europa Ocidental, em certa medida tinha também este propósito, mas a realidade se apresentou de forma muitíssimo diferente. E com uma polarização de contornos também inéditos e que veio acentuar contradições, inclusive no plano econômico, com a concentração da renda assumindo proporções que poderiam – e podem – ser tidas como letais. O mesmo aconteceu no plano político-militar, com o planeta passando a viver no fio da navalha. Ou na chamada “Guerra Fria”, que para os mais otimistas teria encontrado seu fim com a queda do muro de Berlim, em 1989.

A prosperidade, mesmo que perversamente concentrada, associada a ganhos na ciência e na tecnologia, ajudaram a acentuar a ilusão de que paz e felicidade estavam ao alcance. Mudaram os atores, mudaram o enredo, sobretudo com o fim da antiga União Soviética, mas é perceptível que recuos foram mais acentuados que avanços. Afinal, e como pensar diferente, se forem colocados na mesa os gastos militares, que apenas no ano de 2024 ficaram bem perto dos três trilhões de dólares? Basta este número, este dado, para o entendimento de que o planeta está enfermo, a humanidade perdendo sua condição. Barbárie coletiva, em que todos se nivelam por baixo, acabam vilões, com nenhum espaço para o certo e o errado, o bem ou o mal.

Neste verdadeiro deserto, em que tudo ou quase tudo se perde, destacou-se, singular e única, a figura do Papa Francisco, líder maior da Igreja Católica e pastor, estima-se, de algo como 2 bilhões de fiéis espalhados pelo mundo. Francisco, falecido, e agora Leão XIV, que se apresenta e se assume como discípulo do antecessor. Uma luz, esperança, também um contraponto a todos que negam o entendimento, a colaboração, a própria misericórdia, a liberdade e a igualdade como elementares pressupostos da condição humana.

No domingo (11), na praça de São Pedro, em Roma, o novo Papa pediu paz na Ucrânia, em Gaza, entre Índia e Paquistão, além do fim de conflitos fragmentados que bem podem ser comparados a uma terceira guerra mundial. Para concluir, alguém presente na ocasião resumiu bem significado de suas palavras: “O Papa nos traz uma esperança de paz e de acolhida, a ideia de que somos todos irmãos”. E a esperança de que pode ser diferente, pode ser melhor, simplesmente mais sensato.

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