Discórdia e antagonismos: o Brasil das redes sociais é um fantasma que precisa ser exorcizado

A decupagem dos discursos e manifestações da situação e da oposição, apesar de aparentemente se colocarem em campos absolutamente opostos, tem pontos em comum e de convergência. Sobretudo quando falam de crescimento da economia levando a prosperidade a círculos mais amplos da população.
Ambos, embora cada grupo a sua maneira, se dizem patriotas, prometem colocar o Brasil sempre em primeiro plano. Seria tudo muito bonito, capaz de provocar desejável alívio das tensões, se não fosse também rigorosamente falso. Porque no mundo real não são muitos aqueles que de fato e coerentemente colocam seu país verdadeiramente em primeiro lugar. E tudo isso sem precisar contar os que claramente torcem contra, esperando e trabalhando pelo pior, na crença de que o sucesso – dos outros – lhes rouba espaço.
Nessa toada é mesmo difícil que o Brasil possa deixar para trás, e definitivamente, seus problemas, pelo menos os tais gargalos que obstruem e retiram velocidade e direção da caminhada para frente. Os que atuam dessa forma, por ambição, conveniência ou simplesmente desinformação, estão longe de representar a maioria, tampouco a vontade predominante. São apenas articulados e barulhentos. A tudo isso deve ser somado o coro dos mais radicais, aqueles que perderam as medidas, senão o próprio bom senso.
É grave também constatar que muita coisa deixou de ser feita enquanto o mais importante pareceu ser – ainda parece? – promover a discórdia, dar ao antagonismo de tão pouca racionalidade falso tom de verdade absoluta.
Muito provavelmente valeria a pena lembrar a tal maioria silenciosa que não se esconde, mas também não se manifesta numa passividade que pode se confundir com desilusão, falta de esperança. Preguiça. Gente que também está por agir e reagir, recuperando espaços que lhe foram tomados e que ao fim e ao cabo podem representar grande diferença. O conforto da omissão, do isolamento, também acaba sendo uma forma de risco à medida que mais comumente abre espaços precisamente para os oportunistas, aqueles que não têm a dizer, mas estão sempre prontos a aproveitar.
E tudo porque o Brasil das redes sociais é apenas o produto esperado dos algoritmos enviesados, das fake news repetidas graças às facilidades das tecnologias imaginadas para o bem, mas apropriadas pelo mal. Basta parar e pensar para concluir que tudo isso tem pouco ou nada a ver com o Brasil real. São, afinal, fantasmas que podem perfeitamente ser exorcizados.
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