Dívida de Minas: por que as reclamações de estados do Norte e Nordeste chegam fora de hora

A renegociação da dívida dos estados em bases mais, digamos, realísticas, já admitida pelo presidente da República, esbarra agora em um outro obstáculo: a reação contrária de estados menos endividados e que se consideram prejudicados. No entendimento, em especial, de estados do Norte e Nordeste, as mudanças pretendidas favoreceriam os estados mais ricos – Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – responsáveis por 87% da dívida consolidada. Contrariados, reclamam agora algum tipo de compensação e, ágeis, já movimentam suas bancadas com tal objetivo.
Nada disso parece fazer sentido, desde que a questão seja tratada com a necessária clareza e objetividade, não com oportunismo. De pronto, seria preciso reconhecer que o desbalanço mencionado resultaria em primeiríssimo lugar das condições econômicas de cada estado, portando de sua capacidade de endividamento. Fora desse entendimento, os mais ricos estariam sendo punidos por sua condição, o que evidentemente não tem cabimento. Igualmente cabe ressaltar que a questão objetiva diz respeito às obrigações até então impostas, sobre as quais minimamente se pode dizer que são abusivas, além de inviáveis, conforme a realidade já se encarregou de demonstrar.
Caberia simplesmente entender que este é o ponto a ser discutido, com o que o presidente Lula já concordou, orientando, assim, mudanças ainda em discussão que, quando acertadas e aprovadas, evidentemente valerão para todos. Absolutamente não cabe a alegação de suposto favorecimento, no caso e tão somente a repetição de uma velha prática que não precisa e não merece ser discutida agora sobretudo quando, ao reclamarem “compensações”, os queixosos desnudam suas intenções.
Colocada a questão nos seus devidos termos, o que é tão desejável quanto necessário, cabe continuar esperando e reclamando que o caminho da racionalidade seja alcançado de pronto. Vale dizer, tanto para remover exigências descalibradas quanto para restabelecer a racionalidade, que possibilite o acerto de contas que vem sendo retardado muito além do necessário. Tudo isso no entendimento claro de que ninguém está reclamando ou poderia reclamar, favorecimento ou privilégios, conforme o questionamento agora apresentado pode sugerir.
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Como já foi dito, é preciso, sim, acertar as contas, algumas bem mais antigas do que o razoável. Porém, fazê-lo com o necessário equilíbrio, livre de imposições descabidas. Tudo isso, por elementar, vale para os estados mais endividados, vale para todos.
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