Editorial

É preciso buscar investimentos novos, mas sem perder de vista os já instalados

Rever estratégias passadas, com atenção naquelas que deram certo, é exercício que muito poderá contribuir para a retomada tão desejada e tão necessária da economia brasileira
É preciso buscar investimentos novos, mas sem perder de vista os já instalados
Crédito: Gervásio Baptista/Arquivo Pessoal

O incremento das exportações de matérias-primas durante a Segunda Guerra Mundial resultou para o Brasil, ao final do conflito, no acúmulo expressivo de divisas, reservas que contribuíram para a expansão da economia na segunda metade do século. O País entendeu que ampliar e modernizar a indústria seria a base para um crescimento mais saudável e, para alcançar seu objetivo, tratou de melhorar a infraestrutura, sobretudo abrindo estradas e construindo hidrelétricas. Funcionou e em poucos anos, marcadamente nos “50 anos em 5” de Juscelino Kubistchek e, adiante, na fase do “milagre econômico” do regime militar, o Brasil deu um salto. Chegou a ser a economia de mais rápido crescimento no planeta e, assim, capaz de atrair grandes investimentos externos.

No período, olhado agora em perspectiva, atrair novos investimentos tornou-se uma espécie de obsessão ou o objetivo máximo, situação que até certo ponto ainda se mantém. O novo é o que interessava, o que de alguma forma tornou-se um desvio e assim prossegue. Como alguns empresários tiveram ocasião de ressaltar, é preciso pensar também, na verdade permanentemente, nas empresas já instaladas, em operação, geradoras de empregos, renda e tributos recolhidos. E considerar, pragmaticamente, que suportar as organizações que já têm base, alicerce, pode ser até mais interessante, em termos de agilidade e resultados, que buscar novos empreendedores. Inteligentemente, talvez, ter um olho em cada ponto, assegurando continuidade e higidez a quem já opera, garantindo o futuro que será melhor ainda com entrantes.

Parece um tanto elementar, receita de padeiro, mas não é exatamente o que tem acontecido. E as empresas mais antigas, nacionais ou não, reclamam até de pouco caso, quando não de dificuldades e preconceitos. Eram amigas quando foram convidadas e, tendo aceito, encontraram pela frente indiferença, quando não hostilidade. Cabe, sem dúvida, refletir sobre o que está sendo dito, cabe esperar que tal reflexão seja capaz de gerar mudanças. Buscar o novo, sempre, mas sem esquecer quem já veio, quem investiu, trabalha e produz e precisa de apoio ou, pelo menos, que não sejam atrapalhadas pelo setor público e seus diversos agentes.

Rever estratégias passadas, com atenção naquelas que deram certo, é exercício que muito poderá contribuir para a retomada tão desejada e tão necessária. Para repetir o que deu certo e corrigir rumos quando for devido, criando assim condições para que o País reencontre o clima de confiança e otimismo que se perdeu.

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