Editorial

A pauta que nos interessa

A pauta que nos interessa
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Passados seis meses desde a posse, o governo do presidente Lula padece de visível falta de articulação política, o que claramente compromete sua gestão ao impedir o bom e ágil encaminhamento das questões mais sensíveis. Nas aparências e nos movimentos mais visíveis tenta aparentar calma, aponta ações bem-sucedidas e mudanças fundamentais para dizer que tudo vai bem. Por esse lado, pode não ser também a melhor estratégia diante de uma oposição que não exibe qualquer racionalidade, pior ainda, qualquer tipo de compromisso verdadeiro com as questões nacionais que realmente importam. Para o País, e pelos dois lados, nada que interesse, longe disso.

Evidentemente que cabe ao presidente Lula, dono do poder e da caneta que de fato o empodera, ditar o ritmo e não cair nas armadilhas da oposição, o que significa entre outras coisas perceber que, para além da política, a sustentação de seu programa de governo, especialmente no que toca às questões sociais, implica numa, digamos, vitalidade econômica que, apesar de alguma recuperação nesse início de governo, está longe do ideal. E distante, da mesma forma, da recuperação, por exemplo, da competitividade da indústria nacional, que possa abrir-lhe espaços nos mercados internacionais. Falamos de ações e políticas determinantes, coerentes inclusive com manifestações do próprio presidente da República em suas frequentes viagens ao exterior, quando assinala, acertadamente, que o Brasil almeja mais espaços no comércio internacional, buscando mais qualidade e maior valor agregado para suas vendas.

A receita é conhecida, daquelas que é defendida sem restrições mesmo que nem todos trabalhem na mesma direção e idênticos objetivos. A questão parece ser, como em tantos outros momentos da vida nacional, passar do discurso para a ação com mais agilidade, caminho que, como dissemos, o governo deve perceber para o seu próprio bem, para calar os argumentos dos que são contra simplesmente porque não conhecem outra possibilidade e já se mostraram dispostos a fazer tudo que puderem para atrapalhar. Mesmo que antes de tudo estejam atrapalhando o País.

Repetindo, não faz o menor sentido para o governo entrar nesse jogo e cair na armadilha que mobiliza a oposição. A disputa nesses termos deveria ter acabado no dia da votação, no ano passado, com o reconhecimento do vencedor, como faz parte do ritual político em qualquer democracia que tenha alicerces mais sólidos. Não é o caso que se apresenta, já sabemos, mas igualmente é possível entender a quem esse jogo interessa mais ou menos. Certamente não ao presidente da República, certamente não à maioria dos brasileiros que continuam acreditando na possibilidade de construir um país economicamente mais sólido e socialmente mais justo.

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