EDITORIAL | Os próximos 200 anos

Sob risco de perder o status político adquirido com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, deixando de ser parte do reino para voltar ao status colonial, em 7 de setembro de 1822 D. Pedro I declarou rompido os laços com Portugal, proclamando a independência do Brasil. Era a reação esperada diante das mudanças ocorridas na corte a partir da Revolução do Porto em 1820, fazendo lembrar a recomendação de D. João VI a seu filho, dizendo-lhe para tomar para a si a coroa antes que outro o fizesse.
O processo só se completou três anos mais tarde, com fortes reações internas e a partir de Portugal, que de início tentou reverter a rebelião com recurso às suas tropas. Para alguns estudiosos, manter a integridade do território nacional, ao contrário do que se passou na América Espanhola, teria sido o maior dos méritos e principal legado do imperador, que nunca chegou a romper, de fato, os laços com sua pátria e a ela retornou em 1831 para reinar com o título de D. Pedro IV, passando o trono brasileiro deixando a seu filho Pedro de Alcântara, marcando o período da Regência, encerrado com a antecipação da maioridade e posterior coroação como D. Pedro II em 1841.
Para o Brasil, os 49 anos seguintes, até a Proclamação da República, foram férteis e de realizações que condicionaram todo seu futuro, consolidando-se afinal o Estado Nacional, com os primeiros esforços bem-sucedidos para a construção da infraestrutura e bases da economia, tendo como principal ativo a cafeicultura, mas ainda sustentando o regime escravocrata que, finalmente abolido, deixou cicatrizes que ajudaram a abreviar o fim do Segundo Império e abrir caminho para a República. Hoje, num clima de instabilidade e incertezas, os brasileiros recordam o passado para entender o presente e, idealmente, desenhar o futuro.
Estamos falando do que fomos, do que somos e do que desejamos ser, lembrando que a data hoje comemorada recomenda este exercício, nos faz pensar que antes de escolher um chefe de governo deveríamos escrever um projeto permanente para o Brasil, de consenso e indutor de ações de planejamento, construção de objetivos e busca de resultados. Não poderia ser outro o sentido verdadeiro a ser dado nas comemorações da independência política, nesta data, cumprindo-se afinal a tarefa que foi sendo adiada sistematicamente através dos tempos.
Ouça a rádio de Minas