EDITORIAL | Pensar para decidir bem

Não nos parece prudente dar como fato consumado o fim das operações do aeroporto do Carlos Prates sem que considerações mais amplas sejam feitas a respeito, fazendo prevalecer decisões que podem não ser as melhores. Tudo isso num entendimento mais amplo acerca de adequada destinação para a área de aproximadamente 600 mil metros quadrados, sobretudo sem imediatismo e, tendo em conta o futuro, com melhor avaliação de riscos e oportunidades. Caberia de pronto lembrar, nessa perspectiva, que não existe hoje, no município, outra área disponível com as mesmas dimensões e características, ponto que deve balizar o que vier a ser feito e sem que se entenda como incontornável a paralisação, a partir de ontem dos serviços aeroportuários e correlatos.
Como é de amplo conhecimento, o aeroporto do Carlos Prates abriga, ou abrigava, bem mais que a aviação privada de pequeno porte, sendo de se destacar as atividades relacionadas com a formação de pilotos, tanto privados como aqueles vinculados à Polícia Militar, além de atividades de suporte. Para especialistas, existem obstáculos à simples e imediata transferência para a Pampulha, conforme pretendido e anunciado. Preservar equipamentos já disponíveis e em pleno uso poderia ser, argumentam, decisão mais racional, inclusive com visão de futuro em que enxergam, ali, a consolidação de um polo tecnológico voltado para a indústria da aviação, em conexão com as universidades Federal e Católica, que estão próximas e têm como um de seus focos justamente o setor.
Entendendo que o futuro de Belo Horizonte, até por suas características e limitações territoriais, necessariamente será construído com o suporte de indústrias de alta tecnologia há também quem enxergue para o local um aproveitamento mais nobre que o até agora cogitado. Nessa direção apontam o próprio futuro da mobilidade, que não deve ser descolado da utilização de drones, veículos de transporte aéreo leves e, claro, também os convencionais e já conhecidos. Este movimento, que já acontece, implica em desdobramentos também nas áreas tecnológicas e industriais em evidente convergência com os que apontam a relevância da preservação do Carlos Prates, dentro de sua vocação natural.
Conforme dito acima, algo para fazer pensar, tendo em conta o objetivo de encontrar a melhor solução, o melhor destino para o terreno hoje patrimônio da União, com possibilidades de que seja transferido ao Estado ou ao município. Agora só cabe esperar e acreditar que os responsáveis pela questão tenham consciência da importância de sua decisão.
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