EDITORIAL | Sistema S tem dono

Virou lugar comum a afirmação de que a educação é o verdadeiro pilar da construção nacional, tomada no seu melhor e verdadeiro sentido. Verdade sem lugar a dúvida, ainda que na prática, quando na boca de gestores públicos ou político, não seja mais que demagogia, dado que não se percebe nenhuma ação verdadeiramente coerente com o que é dito e repetido. Nos ocorre lembrar, nessas reflexões, que ainda assim existem ações bem feitas, como tal reconhecidas. Caso dos programas educacionais, concebidos e mantidos pelo setor privado e abrigados naquilo que se convencionou chamar de “Sistema S”. Caso único de sucesso, aplaudido até fora do País e apontado como modelo, o sistema nasceu no governo de Getúlio Vargas e dos esforços do então presidente para acelerar o processo de industrialização do País.
A vontade esbarrou num obstáculo, a falta de mão de obra qualificada e bem treinada, o que ensejou a criação dos serviços de educação e treinamento bancados pela iniciativa privada, o que veio a ser o hoje conhecido “Sistema S”. À época, diante das urgências inclusive de levantamento de recursos, acertou-se que as contribuições do setor privado seriam recolhidas através da Previdência Social, que dispunha de uma rede com capilaridade para cumprir a tarefa. Dinheiro desde sempre privado, condição que nunca se modificou para o bem ou para o mal. Mas o trânsito pelas mãos governamentais fez parecer o contrário, não sendo poucos os que acreditam hoje tratar-se de dinheiro público. Sem dono, portanto, e onde como de costume muitos se julgam com o direito de meter a mão.
Como agora, quando acontece um novo ataque aos cofres do “Sistema S”, com o pretexto de levantar recursos para divulgação, no exterior, do turismo brasileiro. Especificamente com a destinação de 5% dos recursos destinados ao Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). É evidente que a perda de recursos compromete as atividades das duas entidades e não tem propósito mas a questão a remarcar é outra. Nesse caso em particular e nas outras tantas vezes em que expedientes semelhantes foram cogitados ou tentados, o que precisa ser dito é a impertinência dessas ações, que em bom português significa que a esfera pública tenta fazer bonito com o chapéu alheio ou recorre a bolsos que não têm o direito de tocar.
Em todo o sistema existe evidentemente uma relação de dependência, quando não de submissão, alimentando distorções que em algum momento mereceriam ser discutidas. O que não tem cabimento é fugir do essencial, deixando de reconhecer que se está falando de recursos do setor privado, que como tal precisam ser reconhecidos.
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