Eleições municipais: por que Belo Horizonte, tal qual o País, tem quadro perturbador

Eleições representam a viga de sustentação do sistema democrático, que, apesar de portador de algumas imperfeições, continua sendo o melhor de todos. O Brasil não é exceção nesse contexto, pelo menos não no plano da teoria, embora nele possam ser identificadas imperfeições indesejáveis como nos lembra, e mais uma vez, a aproximação das eleições municipais. Na realidade, despidas as máscaras da conveniência, parecemos estar mais próximos de um mercadinho de secos e molhados, onde tem de tudo à venda, que de algo que nos lembre ideais mais elevados.
O que se passa em Belo Horizonte presentemente ilustra o que pretendemos demonstrar. A campanha eleitoral, que na verdade é contínua e não parece ser começo e fim, vai se aproximando do momento final, de definições, e o quadro que se apresenta é de alguma forma perturbador. Dizem os conhecedores da matéria que, de momento, pelo menos 10 candidaturas estão no páreo, ocupando a parte mais larga de um funil que certamente se estreitará nos próximos meses. E a medida de escolha, única e inquestionável nas decisões que agora vão sendo tomadas, é o cacife de cada um dos nomes, medido exclusivamente na sua capacidade de atrair eleitores e seus votos. Nada, absolutamente nada mais, parece entrar nas cogitações dos caciques, grupo cada vez menor, ou dos que se imaginam caciques, esta uma lista em evidente crescimento.
Absolutamente espantoso. Ninguém se apresenta pelo currículo, tampouco com um plano de governo e propostas minimamente consistentes. Trata-se apenas e exclusivamente de agradar, esmiuçar as pesquisas de opinião para entender em que direção os eleitores se inclinam e rapidamente dizer o que eles querem ouvir. Nada, em síntese, do que estaria fazendo, por exemplo, um vendedor de sabonetes, e o que acontece em Belo Horizonte é espelho do que se passa no restante do País. A política de fato parece ter virado um espaço que, vazio, vai sendo ocupado por gente que, no geral, não está à altura nem mesmo de suas pretensões. Exceções, que existem, nesse quadro infelizmente ficam à sombra.
Eis que, nesse ambiente, mudar, avançar, construir e melhorar são temas que permanecem em segundo plano, desimportante que são na perspectiva dos interesses que mais contam. Candidatos, como se percebe, em Belo Horizonte não faltam, embora medidos quase que exclusivamente por interesses que não são exatamente aqueles que deveriam estar em pauta. Resta lamentar e, de resto, o conformismo daqueles que diante do que veem entendem que seus sonhos continuarão sendo empurrados para frente.
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