Editorial

Equilíbrio fiscal não é sustentável se falta bom senso na hora de gastar

Enquanto o déficit zero ficou para o ano que vem, gastos que poderiam ser evitados pela Poder Publico seguem
Equilíbrio fiscal não é sustentável se falta bom senso na hora de gastar
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Se tudo tivesse dado certo o Tesouro Nacional chegaria ao fim do corrente exercício fiscal em situação de equilíbrio, cumprida assim a promessa de déficit zero. Não aconteceu e agora, pelo menos conforme as contas feitas em alguns dos mais importantes gabinetes de Brasília, as promessas estão adiadas para o próximo ano. Enquanto isso – e depois de mais perda de tempo –, parece ganhar alguma consistência o entendimento de que não existe equilíbrio fiscal possível e sustentável construído exclusivamente a partir de aumento de receitas, a ilusão até há pouco sustentada pelo discurso oficial. E ainda assim sem que tenha sido efetivamente proposta uma lista de cortes que a estas alturas já deveria ser conhecida.

Resta continuar batendo na mesma tecla, na tentativa de fazer ver que é perfeitamente possível conter o Estado perdulário em que dinheiro não tem dono e dessa forma suporta desaforos que em outras condições por certo não chegariam a existir. Gastar menos por imposição elementar, gastar com disciplina e cuidados que há muito tempo deixaram de existir, possibilitando que múltiplas aberrações fossem incorporadas ao cotidiano, toleradas como algo que não se pode evitar. E gastar com qualidade para que o disponível tenha melhor destino, devolvendo-se, antes mesmo do equilíbrio, o bom senso igualmente perdido faz tempo.

E fatos confirmados pelas notícias que vêm de Brasília dando conta que a Advocacia Geral da União (AGU) acaba de indicar duas funcionárias, a chefe de Gabinete e a coordenadora de Sistemas Estratégicos (?) do Gabinete para participarem do Congresso Internacional de Astronáutica, que será realizado na Itália entre os dias 14 e 18 de outubro. Soa tão absurdo que até parece fake news, mas as notícias vêm acompanhadas da informação de que as duas funcionárias viajarão entre os dias 9 e 20 de outubro, com passagens, hospedagem e diárias pagas pelos cofres públicos.

Mais um bom passeio na perspectiva das duas felizardas, mais um caso de despesas que deveriam ser lançadas na conta do desperdício, confirmação de absoluta leviandade na gestão de recursos públicos diante do elementar entendimento de que o assunto não merece maior interesse, qualquer interesse talvez, muitíssimo menos para a Advocacia Geral da União (AGU), cuja pauta de atribuições ou interesses não reserva espaço para o tema. E possivelmente apenas mais um caso que ilustra a gastança destemperada e sem qualquer sentido, inaceitável mesmo que as contas públicas estivessem no mais perfeito equilíbrio.

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