Escalada do conflito entre Brasil e EUA não interessa a empresários brasileiros, nem aos norte-americanos

Embora a temperatura tenha subido a níveis críticos nos últimos dias e, na mesma proporção, as incertezas, permanece o entendimento elementar, comum a empresários norte-americanos e brasileiros, de que a escalada do conflito entre Brasil e Estados Unidos não interessa a ninguém. Ou, como bem ponderou a Confederação Nacional da Indústria (CNI), será um perde-perde para todos. Direta e objetivamente, conforme estudos bem fundamentados e que não mereceram até agora o devido destaque, caso as sanções anunciadas pelo presidente Donald Trump sejam efetivamente implementadas o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de 0,16% e nos Estados Unidos de 0,37%.
A conclusão, se exata, deveria soar como alívio e igualmente como convite à moderação na avaliação dos fatos em curso, bem como de suas prováveis consequências. Com o entendimento também de que no plano das relações bilaterais, mantidas em patamares elevados até então e ao longo da história dos dois países, a quebra de confiança agora registrada bem poderá representar ao longo do tempo danos mais sensíveis porque permanentes e de maior monta. Uma costura absolutamente necessária além de possível, mas que, se não cabe nos gabinetes oficiais, certamente terá espaço entre empresários e as entidades que os representam, de um e de outro lado. E poderão levar, neste caminho, a ações institucionais com suporte adequado e resultados que não serão a expressão apenas de humores eventuais e possivelmente isolados.
Não é hora também para exacerbar os ânimos ou, repetindo expressão bem conhecida, de pôr lenha na fogueira, num embate que não interessa a tantos quantos se movam por bons propósitos, pela vontade sincera de servir a seu país. E é capaz de enxergar acima e para além das circunstâncias mais imediatas, quem sabe para assim perceber o que pode de fato estar em causa neste momento, provavelmente distante do que tem sido dito e até das aparências, onde temas da política interna podem não ser mais que pretexto ou estar servindo como cortina de fumaça. Neste caso, para acomodar interesses que podem não ser a melhor medida daquilo que de fato convém aos dois países.
Concluindo, perdas e ganhos, ou como já foi dito, mero perde-perde, sugerem inflexão e recomendam que de fato os círculos empresariais assumam mais protagonismo na reconstrução do diálogo. Em nome da razão e do entendimento impositivo, sem o que estaremos todos caminhando sem rumo, mais próximos do indesejável.
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