Editorial

Escalada da marginalidade no País não pode ser politizada

Com a PEC da Segurança Pública, Governo tenta dar resposta a um problema que assola todo o Brasil
Escalada da marginalidade no País não pode ser politizada
Crédito: Reprodução Pexels

A escalada da marginalidade no País, potencializada nos últimos anos pelas ditas facções, ganhou proporções para muitíssimo além da mais fértil imaginação, numa escalada que ofende o Estado. E isso, simplesmente, quando não o anula para de alguma forma legitimar discussões tão bizarras como sobre a competência para decidir nos estabelecimentos prisionais onde exatamente deve ficar cada preso. Ou, absurdo dos absurdos, para que concessionárias de serviços de interesse público, como telefonia, televisão a cabo e internet, tenham que pagar pedágio para se manter operantes. O que até a pouco era restrito a comunidades já acontece – e como rotina – em algumas cidades nordestinas.

Um poder literalmente conquistado à bala e por conta de um arsenal que quase sempre supera o das forças policiais, numa guerra que faz tempo superou os limites do tolerável. E diante dessa situação a reação esperada e necessária deve partir do entendimento de que diante de uma guerra as respostas devem vir nas mesmas proporções e igual intensidade. Abordagens de rotina, isoladas e distantes de qualquer processo integrado, não estão simplesmente condenadas ao fracasso. Já fracassaram e este momento ficou perdido no tempo.

Tal necessidade, tão básica quanto elementar, poderia começar a ser atendida a partir da PEC da Segurança Pública, da lavra do ministro Ricardo Lewandowsky, apresentada no ano passado. A matéria, anuncia-se agora, vai ao Congresso para deliberação. Diante também da delicadeza, ou sensibilidade, do tema é de todo necessário abrir espaço para debates, no entendimento de que será sempre possível melhorar a proposta. Impertinente, sim, é a politização do assunto, é tentar colocar tema que a todos interessa, nos limites tacanhos do “sou contra ou a favor” e não sob a régua do interesse coletivo. Não compreender que não estamos diante de um Fla-Flu ou de final da Copa do Mundo é puro e simples rematado absurdo, coisa de quem perdeu completamente o sentido do público e do coletivo.

Significará igualmente perder tempo ou o mesmo que dar força ao crime organizado, cuja escalada copiou o que tem de pior as máfias italianas ou japonesas que até há pouco só conhecíamos do cinema.
Absolutamente não está, ou deveria estar, em jogo o interesse desta ou daquela agremiação política, deste ou daquele partido, seja situação ou oposição. Convergir a partir desse entendimento – que é elementar – por certo será bem mais fácil, tudo reforçado pela consciência de que está sendo tratado o interesse de todos, da mesma forma que é de todos a responsabilidade.

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