Escassez energética ainda é um horizonte distante para o Brasil

Usinas hidrelétricas, quase todas construídas na segunda metade do século passado, continuam sendo o principal suporte do sistema elétrico brasileiro, representando também, e em termos globais, diferencial de enorme importância. Estamos falando da disponibilidade de energia limpa, de fonte renovável e mais barata, situação sem paralelo no planeta. Cabe atentar para esta condição ímpar, o que ela representa e, sobretudo, o que ainda poderá representar mesmo diante dos ganhos registrados a partir de fontes alternativas, casos da energia solar e da eólica, sugerindo que o horizonte da escassez de energia elétrica está, pelo menos para o Brasil, ainda distante.
Cabe também tirar partido dessa condição. Para entender, por exemplo, e conforme apontam recentes estudos da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), já publicados neste jornal. Apesar das dificuldades provocadas por alterações no regime de chuvas, comprometendo as condições de alguns reservatórios e, consequentemente, sua capacidade de geração, existe um horizonte positivo à frente. E o suficiente para levar a entidade a afirmar ser possível aumentar em 86,4 gigawatts a capacidade de geração, com incremento de 79% em relação à capacidade atual, a partir da ampliação e modernização das hidrelétricas, com instalação de novos geradores ou repotencialização dos atuais. Uma diferença crucial e, tudo faz crer, uma alternativa de custos mais baixos. A Abrage também aponta um novo caminho, construção de usinas reversíveis que trabalham com dois reservatórios, um superior e outro inferior, conectados por um sistema de bombeamento que as transforma em algo chamado no exterior de “baterias naturais”.
A instalação de novas máquinas, em espaços já construídos e disponíveis para isso, poderia representar aumento da capacidade instalada – e somente em Minas Gerais – nas usinas de Jaguara, Três Marias e São Simão, fazendo crer que o suposto esgotamento do sistema hídrico brasileiro, em termos de geração de energia elétrica, está distante de ser realidade, sendo bem ao contrário o caminho, mas natural, porque mais barato também, para aumento da capacidade instalada e da oferta, portanto. Olhar para o futuro, pensar em alternativas que assegurem a oferta em condições de preços também favoráveis significa, provavelmente exija, que sejam consideradas as possibilidades oportunamente listadas pela Abrage.
E tudo isso para também demonstrar que o sistema elétrico brasileiro continua reunindo vantagens competitivas que não encontram paralelo no planeta e que podem ser cruciais para a definição de investimentos que dependam de disponibilidade de eletricidade a custos competitivos.
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