Editorial

Esforços oportunos

Debate sobre a revitalização do hipercentro de Belo Horizonte voltou à pauta nos últimos anos
Esforços oportunos
Foto: Adobe Stock

Em Belo Horizonte uma ideia antiga, esquecida, volta a merecer atenção. Falamos da revitalização do chamado hipercentro, que já foi a principal referência da cidade e hoje padece de processo de progressiva e continuada degradação. Para o prefeito Álvaro Damião, que anunciou na semana passada programa voltado para a região central e bairros mais próximos, o que se pretende é mais que revitalizar e sim “dar uma nova cara” a esses espaços urbanos. Trata-se de garantir melhor e mais adequada utilização dos equipamentos disponíveis, melhorando assim as condições de trabalho e moradia, bem como a mobilidade, identificada como um dos pontos críticos na atual realidade, ao lado da segurança pública e da própria degradação num sentido mais amplo.

O diagnóstico, mesmo que ainda não tenham sido apresentados e discutidos seus aspectos mais profundos, parece acertado. Caberia acrescentar, para melhor compreensão, que este não deve ser entendido como processo isolado, restrito a Belo Horizonte, e sim a repetição de algo que vem acontecendo em todo o mundo. O antigo conceito de “centro”, entendido como o ponto de convergência das cidades e abrigo de seus serviços essenciais, se perdeu. Trabalhadores e moradores foram deslocados, por exemplo, por conta da disseminação dos shopping centers, algo acentuado mais recentemente pela incorporação de novas tecnologias que igualmente aceleraram a descentralização e consequente esvaziamento dos antigos espaços de convergência.

Inverter este processo significa reocupar e, como pretende a Prefeitura de Belo Horizonte, recuperar equipamentos urbanos, privados inclusive, como remoção de impedimentos meramente burocráticos e também tributários. Não por acaso já neste primeiro momento foram anunciados incentivos fiscais para recuperação e novas edificações, visando maior oferta e mais adequado aproveitamento dos espaços disponíveis. Um esforço tão necessário quanto oportuno consideradas as condições que se apresentam e as possibilidades elencadas.

Caberia acrescentar, ou enfatizar, o entendimento de que esta não pode ser uma empreitada solitária ou mero exercício de voluntarismo do setor público. Deve ser necessariamente o resultado de trabalho e esforços compartilhados com pleno engajamento da sociedade e, em particular, das entidades representativas do mundo empresarial. Uma construção, afinal, que só ficará de pé se for erguida como resultado da vontade, da compressão, do conjunto da população de Belo Horizonte, agente e beneficiária da transformação pretendida.

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