Espaços a ocupar: imigrantes precisam de proteção

De alguma forma e muito tristemente precárias, embarcações vindas do Norte da África e que afundam na costa da Cecilia, Itália, fazem parte, apenas, de uma macabra rotina. Tanto quanto as barreiras erguidas na fronteira entre México e Estados Unidos, agora reforçadas por conta da disposição do novo governo daquele país. As migrações, cujas consequências são bem visíveis e emblemáticas nos mais sofisticados recantos de Paris, resultam de disfunções que precisam ser mais claramente percebidas. Não é razoável imaginar que alguém abandone seu canto, sua terra e seus próximos por mero voluntarismo. São na realidade fugitivos das mais diversas circunstâncias, sobreviventes que desejam manter pelo menos esta trágica condição.
Definitivamente não são, na grande maioria, os marginais e criminosos que o presidente Donald Trump enxerga e acusa, gente que deva ser simplesmente varrida, expulsa pela culpa da insignificância. Acontece explicitamente na América, ironicamente a nação que foi erguida pelos braços e disposição dos excluídos, acontece também, embora mais disfarçadamente, em países europeus, que do alto da arrogância que vem do passado colonialista, se enxergam melhores e veem nos diferentes algo que para eles deveria estar mais perto do lixo.
Estão todos pagando caro por não enxergarem a verdade, por entenderem possível apagar os erros do passado. Sem que percebam o elementar, que poderiam estar reclamando o que lhes foi tomado ou que voltariam para seus países, para suas casas, se as encontrassem de pé, se ali fosse possível sobreviver, ainda que com o mínimo. Enquanto isso a desigualdade, a concentração da renda, continua aumentando neste atormentado planeta e exatamente o país que se apresenta como o mais rico dentre todos se declara – ou pelo menos seu chefe assim fala – explorado e vítima, contando sumariamente programas de “ajuda” e “assistência”. Resumindo, o que está ruim pode piorar ainda mais.
Mas também pode melhorar. Países da Comunidade Europeia, os emergentes, especialmente integrantes dos Brics, do Oriente Médio e da Asia têm recursos, capacidade e interesses que podem ser imediatamente mobilizados. Podem assim ocupar o espaço deixado vago e assumir a tarefa de proteger os mais vulneráveis. Por interesse e estratégia, pela busca de protagonismo, mas igualmente pelo entendimento de que estarão ajudando a melhorar as condições de equilíbrio e segurança, o que também lhes interessa bem de perto.
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