Editorial

Entenda a especulação desnecessária que se criou em cima do arroz

Problema no momento diz respeito exclusivamente à movimentação do arroz estocado, diante das condições de estradas vicinais e rodovias, com trechos críticos interditados no estado gaúcho
Entenda a especulação desnecessária que se criou em cima do arroz
Crédito: Pilar Olivares / Arquivo Diário do Comércio

Para além das perdas humanas, o bastante para assombrar, as inundações no Rio Grande do Sul provocaram perdas materiais em volume nunca antes atingido no País. São prejuízos que ainda não podem ser devidamente calculados, mas que terão impacto fortíssimo no agronegócio brasileiro, além de afetar o mercado interno, comprometendo o abastecimento. É o que já acontece com o arroz, que registrou alta de preços que chegaram aos 70%, ocorrendo também situações de desabastecimento, com prateleiras de supermercados esvaziadas, em parte pela corrida, em parte como resultado da especulação pura e simples. Mais uma vez acontece o que não precisaria acontecer, não pelo menos com a velocidade que se observa.

Cabe assinalar, e com a devida ênfase, que o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Gedeão Pereira, garante que existe no País arroz estocado para garantir o abastecimento normal por pelo menos 10 meses. Ao final desse período poderiam ocorrer dificuldades, mas nesse momento uma nova safra estará sendo ofertada. Até o momento, 84% da safra gaúcha foi colhida em condições normais, o que corresponde a 6,4 milhões de toneladas. As perdas efetivamente registradas, em áreas inundadas, foram de apenas 114 mil toneladas para uma produção total que deverá chegar a 7,1 milhões de toneladas. O problema no momento diz respeito exclusivamente à movimentação do arroz estocado, face às condições de estradas vicinais e rodovias, com trechos críticos interditados. Ainda assim, e por precaução, a associação dos produtores de arroz já anunciou a importação de arroz tailandês.

São elementos bastantes para a conclusão de que os distúrbios no mercado interno resultam apenas da especulação, de manobras que deveriam causar o mesmo horror provocado pelas notícias de que chegaram a ocorrer, especialmente na Região Metropolitana de Porto Alegre, saques e outros distúrbios relacionados com a segurança pública. Uma situação que só não ganhou proporções mais graves porque as reações de contenção foram prontas e eficazes. É de se indagar se os especuladores, aqueles que buscam tirar proveito de uma situação tão difícil, não deveriam ser enquadrados na mesma categoria de bandidagem.

Cabe chamar a atenção, cabe identificar e apontar os culpados porque, tudo indica, estes são problemas que estão apenas começando. Para o futuro, não faltarão espertalhões querendo tirar proveito de eventuais restrições a proteínas animais, trigo, soja e outros, fazendo ainda maiores dificuldades que na realidade poderiam ser contornadas simplesmente com integridade.

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