Editorial

Pressa, redução de custos ou desvios de recursos? O que está por trás do esvaziamento dos prédios na Cidade Administrativa?

A sede do governo mineiro deveria por obrigação ser também algo como que a vitrine e o habitat dos valores que por suposto abriga
Pressa, redução de custos ou desvios de recursos? O que está por trás do esvaziamento dos prédios na Cidade Administrativa?
Crédito: Alisson J. Silva

Não pode passar batido o fato de que os dois prédios principais da Cidade Administrativa, os edifícios “Minas” e “Gerais”, estão vazios e fechados há aproximadamente um mês, com seus cerca de 7 mil funcionários trabalhando em regime de home office. Como se sabe, a desocupação foi consequência da interdição dos 54 elevadores após ser constatada falha estrutural na instalação dos equipamentos, com riscos para seus usuários. Não existem ainda explicações técnicas, precisas, sobre o sucedido, mas admite-se que possa ter havido falhas construtivas graves, com evidências e outros percalços que puderam ser observados desde a inauguração do conjunto que representou, para o Estado, investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão.

É preciso saber o que aconteceu, porque aconteceu e como aconteceu para que também sejam apuradas responsabilidades e, sendo o caso, reclamada a devida indenização. Inclusive no que toca ao reparo dos elevadores e de sua instalação, que não teria sido feita conforme o projeto. Pressa, redução de custos ou desvios de recursos são possibilidades que, conforme as avaliações preliminares, não devem ser descartadas. O acúmulo de problemas verificados desde a inauguração em 2010, como a fixação das esquadrias e vidros, além de forros, sistemas hidráulicos e de energia culminaram, agora, com a constatação de que a sede do governo mineiro funcionou durante todos esses anos sem que tenha sido feita sequer vistoria do Corpo de Bombeiros, pré-requisito para liberação de edificações de maior porte.

Nada em síntese que possa ser varrido para debaixo de algum tapete ou classificado como assunto de menor importância. Eis o entendimento, oportunamente explicitado, do procurador-geral de Justiça do Estado, Jarbas Soares Junior, chefe do Ministério Público, que viu no episódio evidências de falta de cuidado por parte do governo de Minas com a sede do Executivo. Depois de lembrar que o órgão precisa ser provocado, ou demandado, para intervir, o procurador chamou a atenção para a gravidade dos acontecimentos, principalmente face aos investimentos realizados e da aparente identificação de “problemas estruturais, da construção”.

São declarações que confirmam preocupações manifestadas anteriormente diante de irregularidades que não podem passar batidas, seja por displicência, seja por alguma forma de conivência. Afinal, a sede do governo mineiro, que carrega todo o significado emblemático do Palácio da Liberdade, deveria por obrigação ser também algo como que a vitrine e o habitat dos valores que por suposto abriga.

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