Editorial

Exclusividade na venda de bebidas: o Carnaval de BH é para todos, inclusive os empreendedores locais

Decisão da PBH sobre o tema pode representar um duro golpe para empreendedores locais
Exclusividade na venda de bebidas: o Carnaval de BH é para todos, inclusive os empreendedores locais
Foto: Dirceu Aurélio/Imprensa MG

A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de conceder exclusividade à Ambev na venda de cerveja em algumas avenidas durante o Carnaval de 2025 pode representar um duro golpe para empreendedores locais. A festa popular é uma grande oportunidade para divulgar os produtos mineiros e impulsionar uma cadeia responsável por centenas de empregos em Minas Gerais.

Em matéria publicada pelo Diário do Comércio em 12 de fevereiro, o Sindicato das Indústrias de Cervejas e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas) informou que, sem a exclusividade, a estimativa era de um aumento de 12% no faturamento do setor.

Fabricantes de menor porte estavam se preparando para atender à demanda durante os desfiles dos blocos nas ruas da capital mineira. Certamente investiram para aumentar o ritmo da produção e formar o estoque necessário. Com a exclusividade, parte desse aporte pode ser perdida.

A questão deve parar na Justiça nos próximos dias. As cervejarias locais consideram que a cláusula de exclusividade é abusiva e tentarão derrubar a proibição das bebidas de outras marcas nos desfiles.

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Não se pode diminuir a importância de uma empresa como a Ambev no Carnaval de Belo Horizonte. A gigante do ramo de bebidas venceu a concorrência promovida pela administração municipal e vai desembolsar R$ 5,9 milhões no patrocínio da festa.

A participação da iniciativa privada na maior festa da Capital é crucial para que os organizadores tenham recursos para oferecer toda a estrutura necessária aos milhões de foliões que ocupam as ruas de Belo Horizonte durante o Carnaval. O dinheiro para bancar a folia não pode vir somente dos já combalidos cofres públicos.

No entanto, uma alternativa mais equilibrada poderia ter sido discutida. É possível encontrar modelos que permitam parcerias sem inviabilizar negócios menores. Um sistema misto, por exemplo, poderia garantir espaços exclusivos para cervejarias artesanais, mantendo o patrocínio, mas sem sufocar o comércio local.

Quem sabe a formação de uma espécie de consórcio por parte das cervejarias locais para contribuir com uma contrapartida financeira em forma de patrocínio para a festa?
Essa é uma questão que deve estar entre as prioridades no planejamento para o próximo ano. A prefeitura deveria priorizar políticas que fomentem o desenvolvimento econômico sustentável. O Carnaval de Belo Horizonte cresceu pela força da cultura local, e é essencial que a atividade econômica reflita essa identidade.

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