Editorial

Exercícios elementares

Felizmente, a polarização política não parece mais ser o melhor ou mais fiel retrato da realidade brasileira
Exercícios elementares
Foto: Reprodução Adobe Stock

Analistas políticos talvez mais afinados com a conveniência que propriamente com a necessária objetividade e clareza costumam enxergar o País mergulhado nos malefícios da polarização. Precisamente entre os extremos, à esquerda e à direita, sem possibilidade de convergência e representando para os brasileiros algo como condenação ao imobilismo e à inércia. Felizmente não parece ser este o melhor ou mais fiel retrato da realidade, em que caberia uma terceira força – e a maior das três – dos que acreditam que a virtude pode estar no centro, quem sabe mesmo para carregar o melhor de um e de outro bloco, todos libertados das inconveniências dos extremos.

Gente que parece não ter voz, gente que faz parte da tal maioria silenciosa que esteve em evidência num passado ainda recente, mas que pode ter se perdido pela incapacidade de articulação, ocupando espaços de maneira mais dinâmica. Gente que pode estar fazendo muita falta, quem sabe para carregar bandeiras que guardem maior proximidade com verdadeira e legítima vontade de pensar o futuro, de melhor desenhar os caminhos que a maioria deseja trilhar para construir a prosperidade nacional, num ambiente de liberdade, de prosperidade com justiça social, com saudável o equilíbrio capaz de corrigir distorções com as quais os brasileiros por suposto não querem continuar convivendo.

Exercícios elementares e que certamente expressam a vontade da maioria mesmo que ainda não prosperem conforme o desejável, posto que sufocadas pelas ambições que continuam se mostrando mais fortes. Fazendo lembrar também resultado de recente pesquisa de opinião – Ipsos-Ipec – em que pergunta sobre sentimentos despertados pela polarização que toma conta de cena política no País nos permitiu saber que para os brasileiros os sentimentos mais fortes com relação ao assunto são tristeza (19%), cansaço (17%) e medo (16%). São conclusões retiradas de pesquisa realizada no início do mês envolvendo duas mil entrevistas em 131 municípios representando todas as regiões do País.

São sentimentos que reforçam conclusões de um outro estudo, este demonstrando, conforme já foi comentado neste espaço, que ao contrário do que se imagina o espaço político brasileiro é ocupado presentemente por três grandes blocos, sendo o maior deles o que reúne pessoas que não se colocam à direita ou à esquerda e que reclamam mudanças, porém não na direção de um ou outro grupo e sim das respostas aos temas que mais de perto possam ser associados a desejos coletivos. A percepção da realidade bem poderá ser a grande novidade para as eleições de 2026.

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