Editorial

Falar para ser ouvido

Falar para ser ouvido
Crédito: Ricardo Stuckert/PR

A passagem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, por Brasília na semana passada sugere que as relações entre os dois países retornam a um patamar de proximidade e colaboração. O encontro com o presidente Lula na manhã de quarta-feira, programado para durar 40 minutos, se prolongou por 2 horas naquilo que sugere ser o melhor indicativo de sua relevância e assertividade. Sobre o que foi dito e ouvido, sabe-se que os temas tratados foram bem além das relações bilaterais, passando por Israel e a escalada do conflito com palestinos até a posição do Brasil como ponto de equilíbrio na América Latina, passando pela concordância, em termos, com relação à nova governança global e estabelecimento de uma aliança, também global, contra a fome e a pobreza.

Todos eles temas da mais alta relevância e que, se assimilados pelos Estados Unidos, ganham chances bem maiores de avançar. Lembrando, oportunamente, que Blinken veio ao Brasil na qualidade de participante da reunião de chanceleres dos países que integram o G20, realizada na semana passada no Rio de Janeiro, preparatória para o encontro de chefes de Estado marcado para o mês de novembro. A depender do Brasil, esses serão os temas centrais para a cúpula do G20 e envolvendo questões tão amplas como o estabelecimento de um novo e mais ativo papel para a Organização das Nações Unidas e órgãos de fomento como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.

Tudo, em rápida síntese, em nome da construção de uma nova ordem econômica global em substituição ao modelo definido ao final da Segunda Guerra Mundial e tendo como objetivo a redução da concentração do poder econômico nos países altamente industrializados, abrindo-se espaços para a redução da pobreza e das desigualdades. Trata-se de romper o modelo estabelecido e, ao que consta, foi a primeira vez em que o assunto foi tratado aberta e publicamente com os Estados Unidos.

Nesse mesmo contexto, cabe ressaltar também a fala do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, anfitrião do encontro no Rio de Janeiro, lembrando que despesas militares somaram mais de US$ 2 trilhões no ano passado e que o Brasil não acredita e não aceita que armas possam conter resposta para qualquer conflito, não importa onde ou por que. Em síntese, estamos assistindo a diplomacia brasileira fazendo o seu melhor, assim demonstrando seu lugar e protagonismo global, propondo a razão como ponde de partida para ações que não se pode adiar diante de riscos que comprometem a própria existência de tudo e de todos.

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