Falsa calmaria: inflação em janeiro não reflete a situação econômica complexa no País

O resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, em janeiro pode, em um primeiro momento, trazer certo alívio, uma vez que apresentou a menor variação para o período nos 30 anos do Plano Real, com alta de 0,16%. No entanto, uma análise mais detalhada revela que essa “calmaria” é, na verdade, uma miragem, sustentada por um fator temporário e que não reflete a complexidade da situação econômica.
As informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a desaceleração da inflação no primeiro mês deste ano ocorreu devido ao impacto do chamado Bônus de Itaipu, que consiste em um desconto na conta de luz previsto para casos de saldo positivo na conta de comercialização da usina binacional. Em janeiro, o custo da energia elétrica caiu 14,21%.
Porém, ao analisarmos os números mais profundamente, é possível observar que o principal vilão da inflação nos últimos meses continua pressionando o indicador. Os preços dos alimentos, mesmo que em ritmo menor, mantiveram a tendência de alta no início deste ano.
O grupo Alimentação e Bebidas registrou seu quinto aumento consecutivo em janeiro, variando 0,96%. Produtos como café e tomate apresentaram altas significativas devido a questões sazonais e aos efeitos das mudanças climáticas.
Na avaliação de especialistas, em fevereiro deveremos observar uma aceleração do indicador, e a inflação acumulada em 12 meses deve ultrapassar 5%. Além de não contar mais com o efeito do bônus na conta de luz, o IPCA possivelmente será impulsionado pelo reajuste no diesel, anunciado no início deste mês. Além disso, os preços dos combustíveis foram afetados pelo aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
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Esse quadro mostra que o governo federal e o Banco Central devem se manter atentos e tomar as medidas necessárias para garantir que essa falsa calmaria não leve a uma nova onda inflacionária. O cenário econômico exige uma análise cuidadosa e um monitoramento contínuo para evitar que o aparente controle da inflação seja apenas um “voo de galinha”, trazendo de volta a instabilidade.
É preciso ter em mente que o momento requer cautela, principalmente devido à instabilidade provocada pelo novo governo norte-americano em todo o planeta. A casa precisa estar arrumada e o Brasil deve estar pronto para enfrentar as turbulências que estão por vir.
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