Editorial

Falta empenho e sensibilidade para enfrentar o desafio da mobilidade no Vetor Sul

Decisão do Ministério Público de impedir as obras de melhorias no trevo de acesso ao bairro Belvedere é só mais um capítulo
Falta empenho e sensibilidade para enfrentar o desafio da mobilidade no Vetor Sul
Foto: Willian Dias / ALMG

O crescimento de Belo Horizonte na direção da região Sul, para além dos limites do próprio município, num processo de urbanização em que faltou planejamento adequado, gerou pressões que se acumulam. Especialmente com relação à mobilidade, posto que o acesso a todo o chamado Vetor Sul depende exclusivamente da antiga BR-3, cujo trecho inicial foi transformado na avenida Nossa Senhora do Carmo. Um verdadeiro funil, que vai se estreitando já próximo de limites críticos, enquanto melhorias possíveis vão sendo postergadas.

Falta empenho e sensibilidade, algo bem evidenciado em recente decisão do Ministério Público impedindo obras de melhorias no trevo de acesso ao bairro Belvedere, diante do BH Shopping. Alega-se que não foram cumpridos todos os ritos de licenciamento ambiental, o bastante para que fosse atropelada manifestação contundente de moradores da região, em abaixo-assinado com mais de 7 mil assinaturas. Perdeu-se o senso de urgência que não poderia faltar, já que estão sendo tratados justamente gargalos viários acumulados ao longo dos anos em larga medida por displicência, prevalecendo agora, tudo faz crer, um preciosismo sem justificativa. Trata-se afinal apenas de alargar o complexo de viadutos, obras certamente de baixo impacto na paupérrima cobertura verde de seu entorno.

Mais relevante nos parece seria o entendimento exato das proporções das dificuldades por enfrentar ou a rasa compreensão de que o funil está bem próximo de se fechar, aí sim gerando impacto que sequer poderia ser mensurado. Por elementar, é preciso criar facilidades e não produzir mais dificuldades.
O mesmo raciocínio, é oportuno apontar, se aplica ao acesso da BR-040 à rodovia que segue em direção a Nova Lima, projeto que igualmente se arrasta há anos. Também uma intervenção secundária, capaz apenas de aliviar o fluxo de veículos, porém não de eliminar o gargalo existente mais à frente, mas que ainda assim prossegue emperrada. Modificações verdadeiramente estruturais, aquelas que deveriam estar sendo buscadas com mais empenho, dependeria da complementação, afinal, do Anel Rodoviário, com a construção da Alça Sul, da qual não se ouve mais falar.

Enquanto isso prossegue, como se nada de relevante pudesse ser anotado, a acelerada urbanização nos limites dos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, enquanto avança também a expansão imobiliária na região de Alfaville, que em futuro que não está distante deverá abrigar pelo menos mais 30 mil habitantes. Eis o tamanho preciso do desafio a ser encarado.

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