Editorial

Federalização da Codemig e da Codemge pode colocar em risco o patrimônio de Minas Gerais

Projetos de lei sobre o tema foram aprovados nesta semana na ALMG como parte do pacote de refinanciamento da dívida com a União
Federalização da Codemig e da Codemge pode colocar em risco o patrimônio de Minas Gerais
Foto: Codemig / Google Maps / Reprodução

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Leite, definiu como “missão cumprida” a aprovação, nesta semana, dos projetos de lei que autorizam a federalização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). Trata-se de passo decisivo para que o Estado atenda aos requisitos do pacote de refinanciamento da dívida com a União, podendo assim aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Detentora dos direitos minerários do nióbio de Araxá, a Codemig é controlada pela Codemge e foi apontada pelo deputado Tadeu Leite como, possivelmente, “o ativo mais valioso que nós temos”.

Com economia de palavras, mais preocupado, talvez, em defender o regime de urgência da votação extraordinária, o presidente da Assembleia disse quase tudo. Mas faltou registrar que Minas poderá estar vendendo bem mais que seu ativo mais importante, pode sim estar renunciando ao seu futuro, pondo a perder todos os esforços para a construção de um patrimônio seu o qual não teria sido possível colher os bons resultados, no plano econômico, registrados no final do século passado. Resultados que nos anos 70 ficaram bem acima da média nacional, isso em pleno “milagre econômico”, representando também o impulso que adiante foi aos poucos sendo corroído, deixando um vazio que não há como deixar de ser percebido. E como explicação, inclusive, para a própria dívida agora em processo de renegociação.

O mero conhecimento da relação de bens já encaminhada à União e registro dos ativos que poderão ser transferidos para propiciar abatimento de até 20% na dívida hoje estimada em R$ 165 bilhões, basta para o entendimento que em nome deste suposto benefício Minas Gerais na verdade pode estar entregando a sua alma. E renunciando ao futuro, condição que a nenhum título deveria ser aceita tão passivamente, como indiferença que em nada lembra, muito menos honra, os pioneiros que lideraram os esforços para a expansão, transformação e modernização da economia regional.

Como já foi apontado neste mesmo espaço, caberia, pelo menos, discutir e esmiuçar o verdadeiro conteúdo da fatura que nos está sendo cobrada e de todas as condições desse processo, inclusive os supostos benefícios agora ofertados. Juros exorbitantes, condições que não deveriam ser aceitas, tudo isso para o bolo da alegada dívida continuar crescendo absurdamente até custar, como se vê agora, a própria alma dos mineiros. Nada, portanto, de missão cumprida e sim um destino que deveria estar produzindo indignação e revolta.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas