Ferrogrão: de ponto alto a fiasco do PAC

A Ferrogrão, ligação por trilhos entre as cidades de Sinop, no Mato Grosso, e Itaituba, no Pará, com 933 quilômetros de extensão, representará, para o agronegócio brasileiro, redução de até 50% no custo de fretes. Ou uma economia anual estimada em R$ 7,9 bilhões. Deveria ser o bastante para impulsionar o empreendimento, o que não aconteceu até agora, completados dois anos desde o seu lançamento, e por conta de uma sucessão de impedimentos. Resumindo, por enquanto a obra que deveria ser um dos pontos altos da nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento permanece na conta dos fiascos.
Talvez por constrangimento, talvez por não ter mesmo o que dizer, o silêncio hoje em Brasília é um tanto diferente do espocar de foguetes acontecido quando o projeto da Ferrogrão, ligação direta e mais curta para os grãos brasileiros alcançarem o mercado externo em melhores condições de competitividade, ninguém se apresenta para esclarecer cabalmente o que está acontecendo. Por outros caminhos que não a informação oficial, cabal e direta, o interessado ficará sabendo que problemas começaram a surgir quando o traçado foi definido e passando por terras indígenas em reserva federal, daí surgindo demandas judiciais, além de questionamentos do Ministério do Meio Ambiente.
São 2 anos perdidos e, consideradas as contas apresentadas, perdas que já somam, diretamente, valor já bem perto dos R$ 16 bilhões. Nada enfim que faça sentido, nada que possa ser bem explicado especialmente aos que enxergam e apontam o espetacular sucesso do agronegócio brasileiro nos últimos anos, mas sabem também que os resultados poderiam ser ainda melhores se a infraestrutura, de transporte especialmente, fosse mais moderna e mais eficiente. Exatamente a motivação dos discursos que puderam ser ouvidos entre o foguetório que marcou o anúncio da construção da Ferrogrão.
Nada de novo afinal, nada que não seja bem sabido, mas de qualquer forma um registro necessário, seja de denúncia aos que foram omissos, seja de alerta àqueles que têm o poder de impedir que os prejuízos apontados continuem crescendo. Sim, o Brasil reúne condições absolutamente favoráveis para assumir e honrar a responsabilidade de alimentar o planeta. E com toda certeza poderá fazê-lo com mais sucesso e melhores resultados para todos se e quando, afinal, ganhos de eficiência puderem ser registrados também fora das cercas das fazendas. A Ferrogrão muito ajudaria nessa virada.
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