Editorial

Ferrovias trazem oportunidades para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais

Investimentos nessa exploração indireta da FCA podem somar R$ 720 milhões, conforme estima o governo federal. Desse total, cerca de R$ 450 milhões seriam aplicados em território mineiro.
Ferrovias trazem oportunidades para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais
Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

A iniciativa do governo federal de buscar operadores para a exploração indireta de trechos da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), com o objetivo de formar o Corredor Minas-Rio, entre Arcos, no Centro-Oeste do Estado, e Angra dos Reis (RJ), pode ser uma grande oportunidade para o desenvolvimento econômico mineiro. Além de ser uma janela de exportações para o café produzido no Sul de Minas, a ferrovia poderá até ser utilizada para o escoamento de diversos produtos, tanto para o mercado externo quanto para o interno.

Conforme publicado pelo Diário do Comércio, o Ministério dos Transportes pretende, ainda no primeiro semestre deste ano, realizar um chamamento público para buscar interessados em trechos subutilizados da FCA. Os trechos compreendem um segmento de 496 quilômetros entre Arcos e Barra Mansa (RJ), com um ramal até Angra dos Reis (RJ). A “cereja do bolo” será uma shortline entre Lavras e Varginha, passando por Três Corações, municípios do Sul de Minas, onde está uma das principais produções de café do planeta.

Os investimentos nessa exploração indireta da FCA podem somar R$ 720 milhões, conforme estima o governo federal. Desse total, cerca de R$ 450 milhões seriam aplicados em território mineiro.

Certamente, os investidores interessados na exploração vão enxergar também a possibilidade de transportar outros tipos de cargas além da commodity agrícola, uma vez que o Sul de Minas se transformou em um importante hub logístico. Na região, estão instalados centenas de centros de distribuição de grandes empresas do e-commerce, setor farmacêutico, entre outros.

Indo além do que está no escopo do projeto, o poder público deveria também pensar em alternativas para usar os trechos para o transporte de passageiros. As linhas férreas que serão alvo do chamamento público passam por regiões turísticas importantes no interior de Minas e no litoral fluminense e podem impulsionar o turismo nas cidades atendidas pelo corredor ferroviário.

Esse projeto é exemplo de um movimento do poder público para impulsionar o transporte ferroviário no Brasil. Ações como, por exemplo, o Pró-Trilhos, prometem destravar dezenas de projetos de estradas de ferro no País nos próximos anos, por meio de bilhões em investimentos do setor privado. Mesmo que uma iniciativa tardia, será importante para eliminar gargalos logísticos enfrentados pelo setor produtivo.

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