Golpe do INSS: além de agilidade no ressarcimento, é preciso cortar o mal pela raiz

Muito provavelmente estamos diante de mais um daqueles casos de excesso de otimismo, comuns nos ambientes de Brasília. E agora por conta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acaba de afirmar que sua equipe “fez ponderações” para assim concluir que as contas a acertar com aposentados e pensionistas ficarão na casa dos R$ 2 bilhões. Disse também acreditar que este incômodo passivo deverá ser zerado até o final do próximo ano. Evidentemente faltam explicações sobre como o número apresentado foi encontrado e bem distante das estimativas de que o assalto patrocinado por entidades que se apresentavam como representantes de aposentados e pensionistas teriam somado qualquer coisa bem perto dos R$ 6 bilhões.
Mesmo que um tanto tardia e dos muitos sinais de que houve, no sistema previdenciário, no mínimo uma dose cavalar de complacência, incapaz assim de perceber que as tais associações chegaram a credenciar milhares de filiados por dia, multiplicando sua “base” com uma velocidade que deveria ter chamado atenção. Displicência ou, sugerem depósitos bancários rastreados pela Polícia Federal, criminosa cumplicidade que teria alcançado os mais altos escalões do sistema. Cabe apurar, cabe chamar à responsabilidade os culpados e cabe, também, a pressa em devolver o que foi tomado.
Mas tudo isso, e conforme já foi apontado neste espaço, sem que seja perdida de vista a tarefa não menos urgente de atacar a origem do problema. O mais elementar raciocínio nos indica – e com absoluta clareza – que os tais sindicatos e associações são, simplesmente, verdadeiras aberrações, fruto de mal disfarçada esperteza. Milhões de associados involuntários, contribuintes, e sem que nenhum deles possa registrar efetiva retribuição. Há que se entender que não bastará suspender a tramoia na apenas burocrática alegação de que serão aguardadas “as devidas apurações”. É preciso sim, com a mesma agilidade do prometido ressarcimento, cortar o mal pela raiz.
E começando, desde que haja seriedade nos procedimentos em curso, pela obrigação de determinar como e porque foram criadas tantas facilidades, favorecimento explícito na distribuição de favores que acabaram transformados em mais um grande escândalo.
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São cuidados elementares, na realidade obrigações às quais a administração federal não pode se furtar, menos por conta dos danos que tudo isso pode causar na hora de contar votos e muito mais pelo atendimento às suas mais elementares obrigações.
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