Editorial

É grave a denúncia de Pacheco sobre reação a projeto para dívidas dos estados

Senador diz que alguns setores do mercado financeiro querem "adquirir a preço de banana, a preço vil, a propriedade dos ativos de Minas Gerais"
É grave a denúncia de Pacheco sobre reação a projeto para dívidas dos estados
Crédito: Reuters/Adriano Machado

A renegociação das dívidas de estados com a União prossegue alimentando polêmicas e um assunto que deveria ser técnico ganhou conotações políticas indesejáveis. E, mais recentemente, com um novo ingrediente, a reação de estados que têm suas contas em situação regular e acreditam que benefícios possam estar sendo concedidos de forma indevida, reclamando compensações. Mais um ingrediente nessas águas turvas em que recentemente o senador Rodrigo Pacheco, que alinhava proposta para, no seu entendimento, construir solução viável, lançou um balde de dúvidas que não tem como passar batido.

Disse o senador mineiro, coincidentemente numa palestra para jornalistas investigativos que participavam de um congresso internacional sobre a especialidade, que as reações à sua proposta têm causas bem específicas. Segundo ele, “estão reagindo a este projeto de lei alguns setores do mercado financeiro que querem, nada mais nada menos, adquirir a preço de banana, a preço vil, a propriedade dos ativos de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e de estados endividados. Eles arrepiam em pensar na ideia da federalização, com entrega de ativos dos Estados para a União, e estão trabalhando contra o projeto”.

São conclusões do presidente do Senado e do Congresso Nacional, também o segundo nome na sucessão presidencial, conforme determina nossa Constituição. O que ele disse está longe de ser pouca coisa e na sua boca evidentemente ganha proporções muitíssimo maiores. Nada que possa ficar por isso mesmo, no diz-que-diz da vida política e, bem ao contrário, deveria provocar amplo debate, inclusive, e como ainda na edição de ontem comentávamos neste espaço, sobre decisões pretéritas e consumadas, mas sobre as quais pairam dúvidas que não deveriam existir. Ou será que alguém pode esquecer que exatamente o controle da antiga Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do planeta, foi cedido justamente ao maior grupo financeiro que opera no País?

A questão da dívida dos estados e a forma mais adequada de assegurar que ela seja paga em termos justos e adequados passam a segundo plano diante das recentes colocações do senador Rodrigo Pacheco. Foram acusações da maior gravidade e que como tal não podem passar em branco como se não tivessem importância ou fossem apenas um gesto irrefletido. É de se supor que a maioria dos brasileiros, que aparentemente não reagem diante das propostas de privatização ou da permanente campanha contra estatais, quer saber, tem o direito de saber, o exato conteúdo da gravíssima denúncia tornada pública pelo presidente do Senado. Afinal, ele nos conta que os interesses do País estão simplesmente sendo atropelados.

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