Guerra comercial entre EUA e China pode trazer bons sinais para o Brasil

A escalada de protecionismo desencadeada pelo novo governo dos Estados Unidos foi rapidamente transformada em guerra comercial, cujas exatas consequências não podem ainda ser bem estabelecidas. Certo é que a antiga ordem, se considerada na perspectiva do Ocidente, foi posta de pernas para o ar, gerando assim instabilidade e imprevisibilidade em todos os aspectos. E a ponto de se imaginar que a prosseguir a escalada e considerados os modos do presidente Donald Trump, um conflito de proporções apocalípticas deve ser entendido como possibilidade assustadoramente concreta.
Conforme já foi observado, estamos todos no mesmo barco, situação que evidentemente se estende ao Brasil, que tem nos Estados Unidos parceiro comercial relevante e já convive com sanções, por exemplo, para suas vendas de aço e alumínio. Por outro lado, temos precisamente na China o maior parceiro comercial na atualidade. De tudo isso, o mais interessante notar é que já podem ser percebidos sinais de que o impasse entre gigantes pode acabar por favorecer o Brasil. E não exclusivamente da China, de onde o presidente Lula acaba de regressar depois de reforçar laços de entendimento e cooperação inclusive no plano comercial.
Não sem uma boa dose de surpresa, sinais positivos começam a chegar precisamente dos Estados Unidos. Objetivamente, setores como calçados e soja, além da indústria têxtil e moveleira, já assinalam o incremento de compras de importadores norte-americanos, que, face às contingências, buscam alternativas para as portas que foram fechadas na China. Deste país também vêm sinais positivos, muito em especial com relação às compras de soja que registram expressivos aumentos desde janeiro, antes mesmo da posse do novo governo em Washington.
E não é tudo. Também na perspectiva da Comunidade Europeia o Brasil é visto como parceiro em melhores condições de suprir suas carências, principalmente no campo dos alimentos. E avanços chegam até à possibilidade de mais rápida implementação do acordo Mercosul-Comunidade Europeia. O bastante para levar especialistas britânicos a apontarem o novo contexto internacional como “uma bênção” para o Brasil.
Tudo isso bem mais próximo da realidade que propriamente de meras conjecturas, com o Brasil encontrando alguma luz onde aparentemente só existiam trevas.
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