Editorial

Guerra não declarada de Trump ao Brasil assume proporções inusitadas

Entrada do Pix na mira do presidente norte-americano é um dos capítulos recentes mais polêmicos desse enredo
Guerra não declarada de Trump ao Brasil assume proporções inusitadas
Foto: Nathan Howard | Reuters

Em meio a boatos, informações desencontradas e uma situação que em certos momentos beira à histeria, a guerra não declarada de Donald Trump ao País assume proporções inusitadas. Caso bem ilustrado com as inesperadas referências, desde alguns dos mais seletos gabinetes de Washington, ao brasileiríssimo Pix, um dos alvos selecionados porque apontado como ameaça aos interesses norte-americanos. O que de início pareceu não mais que um novo caso de desinformação foi aos poucos ganhando contornos mais nítidos e alguma possibilidade de compreensão, desde que entendida a conveniente lógica de que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.

O Pix, um sistema de pagamentos tão simples quanto revolucionário, em pouco tempo ganhou a confiança dos brasileiros e chamou atenção do mundo, sendo preciso lembrar, diante da suspeita agora manifestada, que se trata de uma infraestrutura pública de pagamento, de livre acesso, e não um produto comercial. Na perspectiva local, o sistema universalizou o acesso ao sistema bancário, o que só foi possível por conta dos avanços no processo de automação bancária no País, condição que não encontra paralelo. Um sucesso que pode ser visto apenas como facilidade, mas que estaria sendo entendido, lá fora, como ataque frontal às big techs, que imaginaram ser possível fazer algo semelhante com suas plataformas, e também aos cartões de crédito.

Como se pode perceber, daí aos movimentos agora ensaiados a distancia foi pequena e o bastante para que Trump se sentisse ofendido por conta do que seria agressão às empresas locais. Cabe explicar, cabe entender, mas sobretudo cabe perceber até que ponto se pode ir para defender interesses que não são evidentemente os mesmos que os nossos. E melhor fariam, evidentemente, se dessem mais atenção aos movimentos especulativos acontecidos, especialmente com o câmbio, coincidindo com os anúncios da imposição de barreiras a produtos brasileiros e também de outros países. Como não existe, neste mundo, espaço para coincidências, resta a conclusão de que inside informations produziram ganhos, possivelmente também no Brasil, que somam bilhões de dólares.

Nada afinal que possa ser escondido debaixo de um conveniente tapete e certamente suspeitas bem fundamentadas, dignas de apuração inclusive porque movimentos semelhantes coincidem com tiroteios tendo como alvos outros países. E quem sabe para nos permitir compreender que a realidade pode não guardar semelhanças com as aparências.

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