A história nos ensina

Esgotado o ciclo do ouro, durante o qual não seria exagero afirmar que Minas Gerais esteve no centro da economia global, o século XVIII marcou a independência política do País e o processo de consolidação territorial, livre da fragmentação acontecida na América espanhola. Os horizontes econômicos só começaram a ser alargados no século seguinte, com papel destacado, em Minas Gerais, pelo governador João Pinheiro, que, no entanto, não chegou a completar seu mandato, falecendo em 1908. Pinheiro pensou o futuro, enxergou a industrialização como meio de acelerar a geração de riquezas, deixando as bases sobre as quais em 1947 o então governador Milton Campos lançasse seu plano de desenvolvimento econômico. Uma transformação que teve continuidade e avanços maiores na gestão de Juscelino Kubitschek.
É fundamental que essa trajetória seja conhecida e compreendida como alicerce das transformações que vieram posteriormente, com o concurso também de líderes das então chamadas “classes produtoras”. Foi dessa ação conjunta e afinada que surgiram empreendimentos como a então Companhia Vale do Rio Doce, a Usiminas, Refinaria Gabriel Passos e, adiante, a Fiat Automóveis que em conjunto simbolizam o alicerce que suportou o crescimento e modernização da economia regional. Trata-se de conhecer a história para também conhecer o caminho percorrido e, mais ainda, a direção a ser tomada.
Nesse sentido, cabe destacar a importância da Refinaria Gabriel Passos, cuja construção mobilizou fortemente as lideranças políticas e empresariais mineiras, e sua função de assegurar o abastecimento de derivados de petróleo. E tudo isso para chamar atenção para dados que acabam de ser divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e relativos à produção da Regap, evidenciando um processo de definhamento que não está sendo bem percebido. Um dado que ilustra o que procuramos demonstrar: considerados o período janeiro/outubro, ou os 10 primeiros meses de 2022 e de 2023, houve queda de 15,6% no refino de óleo diesel, que representa 44,7% do total processado.
A falta de investimentos, em nível tão crítico que chegou a afetar a manutenção, a Regap deixou de ser um das vigas de sustentação da economia regional, tal como foi imaginado no passado. Bem ao contrário, a unidade, cuja venda chegou a ser cogitada, esteve bem próxima de um processo de sucateamento. Cabe entender o que se passa para evitar que as piores previsões se confirmem, na ideia absolutamente equivocada de que a refinaria não tem mais importância.
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